quarta-feira, 1 de maio de 2013

Doctor Who: The Eye of the Tyger



Paul McAuley (2003). Doctor Who: The Eye of the Tyger. Tolworth: Telos.

Um livro curioso nas séries dedicadas ao excêntrico personagem da televisão britânica. O argumento linear oculta uma intrigante complexidade de construção de mundos ficcionais. McAuley trabalha com elementos icónicos bem conhecidos, mas consegue adaptá-los a uma narrativa mais próxima da ficção científica pura.

Tudo começa numa estação longínqua da Índia sob o raj onde um oficial colonial é infectado por uma estranha praga que transforma homens em criaturas semelhantes a tigres. O Doutor intervém, enchendo a mente vitoriana do inocente oficial com ideias estranhas como vórtices temporais e nanomáquinas e ajudando a eliminar a ameaça viral. Compadecido, o Doutor leva o oficial infectado consigo na Tardis para um futuro onde possa ser curado da infecção, mas é atraído por um buraco negro em cuja órbita se encontra uma nave geracional que encerra dentro de si uma guerra civil entre colonos e a tripulação que mantém a nave nas imediações do buraco aguardando ordens de um líder cívico e religioso cuja consciência foi atraída por avatares de uma civilização futura. A nave em si é um universo fechado, contendo mais formas de vida do que as esperadas pelos passageiros geracionais. Previsivelmente, o Doutor intervém no impasse mas fá-lo por curiosidade. Sabe que o buraco negro no futuro será um dos pontos de convergência de uma civilização humana que se mantém viva no final do universo e suspeita que os passageiros da nave geracional são os antepassados desta civilização do final dos tempos. Quanto ao oficial colonial, apaixona-se por uma leoa alienígena humanóide e a sua transformação pelas nanomáquinas é revertida, mas prefere encarnar-se como cópia do líder em coma dos colonos da nave geracional.

Este livro sofre pelo ritmo demasiado rápido de uma história cheia de pormenores interessantes. McAuley tenta algo quase impossível, conciliando a necessidade de escrita a metro para novelização de um personagem televisivo com um intrigante mundo ficcional que tira partido da flexibilidade do universo whoviano.