segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Terminal City



Dean Motter, Michael Lark (2012). The Compleat Terminal City. Milwaukie: Dark Horse Comics.

As histórias de Terminal City remete-se para divertidas referências à ficção pulp e cinematografia dos anos 40, misturando escroques elegantes que raramente acertam nas fraudes, criminosos violentos e os seus capangas musculados, políticos corruptos em que Motter homenageia as visões distópicas de Welles, Huxley e Orwell, manipuladores compulsivos que secretamente dominam os destinos da cidade, jovens raparigas a viver um misto de aventuras e agruras de uma vida on the town ex-ditadores vagamente hispânicos em busca de jóias míticas, aventureiros que percorrem os cantos mais recônditos do globo em busca de criaturas misteriosas, boxeurs caídos em desgraça cuja carreira depende de combates contra gorilas ou robots, assassinos misteriosos que se inspiram nos filmes de série B para os seus crimes, e um hotel que funciona como ponto de intersecção de todas as narrativas, onde os robots de serviço estão sempre avariados o que não torna a vida fácil ao único empregado humano que ainda por cima é escavizado pelo concierge robótico que odeia os empregados quase tanto como odeia os clientes.. Tudo contado pelos olhos de um antigo artista de corda bamba que ganha a vida a lavar as janelas dos vastos arranha-céus.

O que destaca Terminal City é a profunda homenagem de Dean Motter aos retrofuturismos. A cidade é um sonho onde a art-deco se mistura com as visões de futuro dos anos quarenta e un forte toque do estilismo do filme Metropolis. As invenções das capas de revistas pulp ou da icónica Popular Mechanics são a tecnologia de um futuro dourado de robots estilizados, dirigíveis aerodinâmicos, arranha-céus art-deco e aparelhos de televisão omnipresentes. O traço de Michael Lark representa com precisão sonhos do passado de futuros possíveis, cristalizados nas vinhetas desta cidade terminal aparentemente perfeita mas onde algo corre sempre mal. E confesso que fiquei apaixonado pela sequência na loja de robots em segunda mão onde pontuava Electro, Robby e Maria entre outros ícones da representação de homens mecânicos.