quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Earth Wars



Geoff Hiscock (2012). Earth Wars: The Battle For Global Resources. Singapura: John Wiley and Sons.

Este livro promete ser uma análise aos desafios à escala planetária trazidos pelo modelo de desenvolvimento capitalista e a necessária finitude dos recursos naturais. Fica-se por uma litania de grandes negócios e análises superficiais aos maiores jogadores das áreas da energia e minérios à escala global.

As imagens que se retiram deste livro é que sim, os recursos são escassos, mas não tanto quanto isso porque estar no pico de uma curva descendente ainda implica um longo caminho até ao fundo, sempre com oportunidades de negócio. O escassear de recursos até é coisa boa, porque aumenta as possibilidades de lucro e incentiva à exploração de zonas remotas do planeta. O ambiente é um empecilho, a sua protecção apenas serve para criar barreiras àqueles que altruísticamente investem na exploração de recursos naturais para dar energia e materiais à indústria para produzir todos os bens de consumo. Que interessam umas florestas ou protecção de ecossistemas face às maravilhas da electrónica de consumo com obsolescência planeada? Excepção seja feita no campo das energias renováveis, onde o gosto pela ecologia se pode traduzir em contratos lucrativos para construção de barragens, parques eólicos ou solares.

E, claro, regimes totalitários corruptos são uma benesse para a humanidade porque os seus líderes estão desejosos de abrir as portas dos seus vastos territórios aos grandes tubarões da exploração dos recursos naturais. Tudo em nome do progresso industrial e financeiro.

A leitura deste livro não é uma perda total de tempo. O catalogar semi-exaustivo de empresas envolvidas na extracção mineira e produção energética, combinado com retratos verosímeis da evolução das necessidades energéticas mundiais trazida pela emergência da China e Índia, junto com outros países de desenvolvimento acelerado combinado com a progressiva decadência da Europa e América do Norte dão-nos um retrato actualizado de um vasto sistema global que se estende das grandes metrópoles planetárias aos locais mais agrestes e isolados com o fim único de lucrar extraindo recursos para transformação em matéria prima ou energia. E é essa a virtude deste livro. Inocentemente, apregoar que acima de tudo, do progresso humano, do ambiente, está o lucro. Mesmo que para se obter mais uns cêntimos se tenha que arrasar um planeta.