sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Comics


Dial H #7: Não se metam com o poder do colectivo do plankton. Ou como China Miéville continua a assinar o comic mainstream mais surreal do momento.


Great Pacific: A premissa é muito intrigante, a execução nem por isso. O rico herdeiro de uma fortuna petrolífera desvia os dinheiros do petróleo para um projecto pessoal: colonizar e declarar como nação independente uma gigantesca lixeira flutuante no oceano pacífico. Começou bem, com um toque de futuro distópico, critica às opções energéticas mundiais e dependência do petróleo. Mas ficou-se por polvos gigantes e indígenas exóticos.


Hellboy in Hell #01: Honestamente pensava que Mike Mignola tinha morto definitivamente o seu icónico Hellboy para se dedicar a coordenar o pouco interessante B.P.R.D. e a escrever o prometedor Baltimore. Hellboy já começava a sofrer de excesso de exposição e percebia-se um fim digno. Mas as tentações do mercado são demasiado fortes, provavelmente... e o diabo bondoso com mão de pedra está de regresso numa série escrita e ilustrada por Mignola.


Lot 13 #02: Steve Niles não corre riscos na sua estreia na DC e dá-nos um comic previsível, perfeitamente dentro do enquadramento tradicional da história de assombrações com toque gore. Torna-se interessante pela galeria fantasmagórica invocada por Niles e pelo traço realista de Glen Fabry.


Stormwatch #15: Peter Milligan tem um conceito invejável para trabalhar, herdado de Warren Ellis. Depois de um arranque interessante decidiu manter-se na fórmula super-lutas entre super-amigos que são super-engandos pelos super-vilões que são os seus super-inimigos. Pelo menos os diálogos têm espírito. Certo, é um bocadinho mais complicado do que isso, envolve uma conspiração em que os criadores da organização a tentam aniquilar, mas a fórmula é batida. Este é um sentimento que me desperta todo o alinhamento '52, lançado com grande fanfarra mas que depressa perdeu vapor e regressou aos padrões esperados do género, apesar de surpresas como um Joker hiperviolento, as bizarrias de Frankenstein Agent of S.H.A.D.E. ou o Super-Homem a ter uma ajudinha de Neil deGrasse Tyson para contemplar a luz de Krypton.

E, para terminar, um comentário ao afastamento de Karen Berger como editora da DC Vertigo que encontrei no Leituras de BD. Nuno Amado lamenta este afastamento, recordando que Berger foi a responsável pelos títulos mais marcantes dos comics da actualidade (e se bem me recordo, Berger é a culpada pelo Sandman de Gaiman, entre outras obras-primas), apontando a decadência da chancela provocada essencialmente pela cupidez da DC, apostada em fazer dinheiro à custa dos cridadores. Verdade seja dita que a Vertigo tem andado a dar sinais de estar moribunda. Alguns dos seus mais interessantes títulos foram cancelados (Air, iZombie) e aquilo parece manter-se à custa de ideias repetidas, mantidas até à exaustão, com o medíocre Fables a sobreviver pela sexualização dos contos de fadas, o inano American Vampire a escorrer-se num tédio crescente, e The Unwritten  a andar em círculos, cada vez mais longe do brilhantismo original mas insuflado pelas origens como comentário meta-ficcional. Outros títulos, como Dominique Laveau Voodoo Child ou Saucer Country, arrancam promissores mas ficam bem aquém de onde poderiam chegar. Amado observa que editoras como a Dynamite ou a Image é que irão beneficiar com esta machadada na Vertigo, e dou-lhe razão. A Dynamite tem evoluído em qualidade, com Flash Gordon: Zeitgeist a mostrar que pode ir muito longe, e a Image tem apostado em mini-séries fortemente inventivas (olhemos para Manhatthan Projects ou Fatale) com o potencial de se tornarem novos clássicos de um género que já mostrou que o tradicional herói de vestes justas se tornou um arcaísmo comercial.