quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sinal dos tempos

"Agora os pais têm geralmente o secundário nas habilitações. Alguns ensino superior. Antigamente era habitual o nono ano". Palavras proferidas  por uma colega de trabalho, directora de turma  já com muitos anos de experiência a lidar com grupos de alunos e os seus pais. Por pouco não faltou ir mais atrás e observar que houve tempos em que o habitual era a quarta classe. Ela falava casualmente ao caracterizar a sua direcção de turma da generalidade das habilitações literárias dos pais e encarregados de educação dos alunos.

É daquelas coisas que só nos apercebemos quando paramos para pensar. A rapidez da evolução da formação na generalidade da população portuguesa. Os pais de hoje pertencem à minha geração, pertencem a um grupo social que teve acesso (e obrigatoriedade de frequência) a uma escolaridade alargada. A normalidade do antigamente - ensino básico como padrão de escolaridade, foi substituída pelo ensino secundário. São pequenas observações que espelham o elevar no nível de habilitações da generalidade dos portugueses. Recordo-me das minhas primeiras direcções de turma, em escolas na periferia de Lisboa, cujo padrão de habilitações dos pais e encarregados de educação se ficava essencialmente pelo quarto ou nono ano. Evoluímos, e evoluímos depressa. Neste momento de crise profunda, em que muitos nos querem fazer crer que investir no progresso do país é desperdiçar recursos e desequilibrar sacrossantos modelos financeiros, é bom olhar para estes pequenos sinais e reflectir no quanto evoluímos nos últimos quarenta anos. Evolução rápida, mas de percepção lenta. Ainda resta muito que fazer. Mas este facto estatístico é revelador.

Podemos e devemos criticar a qualidade do ensino. Mas já não podemos negar a sua abrangência e o cumprir da promessa de melhorar o nível de habilitações da generalidade da população. Daí a plenas literacias e mudanças de mentalidade que reflictam a importância da educação e aprendizagem faltam muitos passos. O inicial está dado.