sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Comics


The Massive: Brian Wood assina um comic futurista discreto ilustrado com um traço expressivo por Garry Brown. Num distópico futuro próximo o degelo provocado pelo aquecimento global submergiu as cidades costeiras e ajudou a causar um colapso económico e social. Por entre um mundo à beira da extinção um grupo naval de eco-activistas procura pelos sete mares o navio The Massive, misteriosamente desaparecido. Este comic não está a ter a promoção bombástica que outras editoras dão a produtos menores, mas está a evoluir calmamente para uma narrativa épica apocalíptica que nos obriga a reflectir sobre possibilidades de um futuro dominado por desastres ecológicos.


Frankenstein Agent of S.H.A.D.E. #13: Jeff Lemire andou a divertir-se à grande nos primeiros números deste novo título da DC 52, com resultados espantosos de sanidade duvidosa. Matt Kindt, agora ao leme do título, não está a chegar à fasquia de puro entretenimento que herdou mas mantenha-se a confiança. Afinal, trata-se do autor do intrigante Mind MGMT e do estonteante Revolver o que sugere que a insanidade divertida de Lemire seja direccionada labirintos mentais. Para não variar, Alberto Ponticelli rebenta os limites da vinheta com expressionismo puro.


Batman #13: Scott Snyder trouxe de regresso o arqui-vilão Joker numa encarnação que promete ser impossivelmente psicótica. Digamos que se está a dedicar a recordar os seus crimes icónicos para mostrar a profundidade da relação simbiótica com o homem-morcego com uma psicose sublinhada pela pele solta do rosto, arrancada numa aventura anterior. Promete ser uma interessante colisão do batman clássico com The Killing Joke e Silêncio dos Inocentes.


Before Watchmen: Dr. Manhattan #02: Não está a ser um dos mais inspiradores títulos da prequela de Watchmen, mas a forma como J. Michael Straczynski decidiu recriar a origem do todo-poderoso Dr. Manhattan é curiosa. O segundo número do comic deixa a cabeça a andar à roda com uma tortuosa visão do paradoxo do gato de Schrödinger aplicado ao planeta, onde as escolhas simples bifurcam os mundos, o herói icónico assiste à sua não existência e o único indicador que algo não está a correr como deveria é um relógio que se recusa a trabalhar. Terá parado o tempo ou o relógio? Straczynski anda a meter-se com física quântica e probabilística, mostrando o poder dos comics em simplificar conceitos complexos para leigos e fazer voar a imaginação com a poesia da ciência mais pura.