terça-feira, 31 de julho de 2012

The Mammoth Book of Fighter Pilots

Jon Lewis, Julian Jenkins (2002). The Mammoth Book of Fighter Pilots. Londres: Constable & Robinson.

A aura dos pilotos de caça confere-lhes a equivalência contemporânea do cavaleiro, ícone do combatente solitário que depende da sua destreza e da tecnologia e cujo estatuto se eleva acima da carnificina lamacenta dos campos de batalha. Se a honra de antanho se media a cavalo e à carga, a disrupção tecnológica trazida pelo aeroplano deu-nos o conceito da destreza nos duelos travados no céu. Este livro puxa o lustro a estas ideias coligindo relatos saídos do punho de pilotos de caça que combateram na I Guerra, II Guerra, Vietnam, Falklands e Golfo. Feito de extractos de diários, cartas ou reminiscências, traçam um panorama do espírito dos homens que nas palavras de um dos pilotos registas nesta obra, vestem a aeronave e partem para os céus numa clara alusão ao cavaleiro medieval que se movia debaixo da pele dura da armadura.

Pega-se nesta obra com a vontade juvenil de ler empolgantes relatos de combate aéreo. Nestes o livro é prolífico, mas ler as palavras daqueles que viveram esses momentos dentro do cockpit retira o lustro da emoção. Cada aeronauta descreve as suas experiências através da lente da sua personalidade. Alguns mostram-se perfeitos psicopatas, confessando o gosto que sentem em ver o adversário despenhar-se envolto em chamas. Outros sentem profundamente a tragédia da guerra, o medo, o conflito entre a perícia e a obrigação de tirar vidas humanas. Outros, mais técnicos, relatam friamente as experiências como registos de actividade. Alguns sublimam o combate mortal através de ideais de honra e valor, respeitando os adversários caídos com um cavalheirismo que entre uma comunidade de militares de elite talvez nunca tenha caído em desuso.

Os relatos contidos neste livro são uma forma diferente de entender o combate aéreo, esse mais admirado ramo da aeronáutica. Para lá das descrições frias da estatística histórica, através das palavras sentidas de quem amava voar, combatia com cavalheirismo e sabia que cada dia podia ser o seu último.