Sonhei com uma casa mágica multicolorida. O seu interior estava cheio de divisões indefenidas, espaços que se mesclavam, salas que se abriam para outras salas. A decoração era feérica, cheia de móveis vitorianos e coloridos objectos decorativos. Ao centro, uma enorme biblioteca cheia de livros com capas de cor viva cujas prateleiras forravam paredes que não pareceiam ter fim. A única constante eram finas colunas de ferro forjado ornamentadas. A casa era animada por uma estranha força, que ou partia do próprio edifício ou era um dos persoangens do sonho. A força parecia temível, mas esforçava-se por ser encantadora. Subitamente, algo se transformava num enorme carrocel de comboios ou barcos, cada um com as mais estranhas formas. Havia personagens, algumas faladoras outras silenciosas, e as maiores eram as mais caladas. Havia mistérios, que no meu sonho iam sendo desvendados. Alguns eram aparentes prisioneiros da casa, outros, cujas intenções eram maléficas, tinhma lá ido chegar mas o sonho não me deixou saber porquê. eu era observador intrigado, que assistia com deleite às transformações dos espaços que se mesclavam do edifício. Uma conspiração começava a tomar corpo, mas nunca cheguei a saber qual era. A banalidade do real interrompeu o delírio com um toque de mensagem no telemóvel. Custou saber que o sonho foi interrompido para jamais voltar, e a mente ficou, desesperada, a tentar fixar as imagens oníricas, mas foi um sonho. Memorizar um sonho nos seus ricos detalhes é como tentar agarrar fiapos de fumo.
Diz-se que Coleridge acordou de um sonho opiácio e daí começou a escrever o poema Xanadou. Teve melhor sorte em agarrar as imagens que o cérebro produz e desvanece do que eu.