terça-feira, 20 de março de 2012

War Is a Force that Gives Us Meaning


Chris Hedges (2003). War Is a Force that Gives Us Meaning. Nova Iorque: Random House.

Se procuram este livro como um argumento para exaltar as virtudes da guerra, o título induz em erro. Reflexão muito pessoal de um repórter de guerra que há décadas que cobre conflitos nos locais mais desesperados do planeta, leva-nos a repensar a guerra como palco cru de atrocidades, onde os conceitos morais se desmoronam e os intervenientes se desvanecem num frenesi de violência e morte. Hedges é implacável ao retratar sem piedade nem idealismos o talvez mais antigo hábito humano. Desmonta os mecanismos propagandísticos e ideológicos, reconhece a importância da memória das vítimas, mostra a crueza dos campos de batalha e a insanidade temporária dos combatentes. Confessa-se viciado na guerra, descrevendo-a como uma droga potente inescapável para aqueles cuja mente cai nas suas garras.

Não é um livro de relatos, embora nos sejam dados muitos vislumbres do que o autor testemunhou na sua carreira como jornalista. Não é uma obra sequencial, reminiscente de visitas a diferentes teatros de conflito ao longo do tempo. É uma reflexão profunda sobre os males da guerra e a sua principal vítima: não os danos estruturais ou a mortandade, mas o espírito de humanidade.