quarta-feira, 28 de março de 2012

Aperto de mão digital



Coisas engraçadas do inconsciente colectivo anotadas enquanto mergulho mais a fundo em Alone Together de Sherry Turkle. Ainda nos capítulos sobre robótica, compreendo o seu argumento. Turkle descreve curiosas reacções de intimidade, ligação e cumplicidade frente a robots desenhados como elementos sociais. Mesmo sabendo que não estão vivos e não são conscientes, os sujeitos dos estudos criam relações afectivas com a máquina. São apontadas razões que vão da simples necessidade humana de ser ouvido - os movimentos e reacções programadas dos robots criam essa sensação, a insights profundos sobre a nossa forma de estar com os outros. O robot permite criar relações que não ameaçam a pessoa. Porque uma relação entre pessoas é sempre uma colisão de personalidades individuais que obrigam a consensos e adaptações. Os robots, com o seu simulacro de personalidade, não obrigam a isso. E é aqui, neste esvaziar de significado de uma das vertentes que define a humanidade, que reside o cerne da preocupação de Turkle.

E depois temos coisas como a deste vídeo. Uma mão mecânica que transmite sensações de força, textura e calor, destinada a ser utilizada na comunicação à distância. Pode ser interpretado de três maneiras: como precioso auxiliar que humaniza e melhora a interacção e a comunicação à distância, um prenúncio de um futuro próximo onde a humanidade solipsista só interage através de mediação mecânica ou digital, ou uma daquelas ideias de sanidade duvidosa que por vezes nos surpreende e se torna parte integrante do zeitgeist cultural. Não é por acaso que este é um projecto nipónico. É o país mais avançado na robótica humanóide e onde a interacção homem-máquina é aceite com mais naturalidade, talvez graças à influência uma cultura shintoista que vê lampejos de vida nos mais humildes elementos. Talvez vejam nas acções pré-programadas aleatória vislumbres de kami.