quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Distrust That Particular Flavor


William Gibson (2012). Distrust That Particular Flavor. Nova Iorque: Penguin.

William Gibson é uma curiosa escolha para guru cultural. Influente escritor de Ficção Científica, é conhecido do grande público por ter cunhado o termo ciberespaço no romance Neuromancer, seminal para o género cyberpunk. Sendo um daqueles escritores que tem o dedo no pulso da época contemporânea, evoluiu estilisticamente para reflectir na sua obra os aspectos menos visíveis e potencialmente arrepiantes do admirável mundo novo acelerado pelo digital que tanto nos deslumbra. É esta a faceta que mostra nesta colecção de artigos e ensaios que versam essencialmente sobre o impacto social da hipermodernidade actual, quer seja ao olhar para o ultramodernismo tecnológico nipónico, os vícios e gostos do mundo online ou as culturas agora indistinguíveis do impacto dos novos media. Após ler este livro, quase me sinto tentado a olhar Gibson como um McLuhan dos tempos do agora, utilizando a literatura como forma de despertar para o facto de que os media nos quais estamos mergulhados modificam as formas de pensar, viver e conceber o mundo. Gibson, felizmente, é suficientemente capaz de discernir que as boas reflexões sobre Ficção Científica são na verdade reflexões sobre as épocas contemporâneas e não projecções com pretensões a prever o futuro.