terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Necro Files


Cheryl Mullenax (2011). Necro Files: Two Decades of Extreme Horror. Comet Press.

Taboo, essa velha palavra polinésia, descreve bem a nossa atracção por aspectos mais perversos e obscuros da alma humana. Literatura e filmes exploram esse nicho, permitindo-nos perscrutar um pouco da negritude que se pode esconder no coração dos homens. Isto quando são intrigantes, porque na sua maior parte são banais e entediantes explorações que procuram rentabilizar o gosto pelo obscuro com iconografia sugestiva mas perfeitamente insossa.

É o caso deste Necro Files, que se anuncia como uma colectânea de contos de revirar o estômago, dos quais apenas se aproveitam dois - de George R.R. Martin e Joe Lansdale, não por acaso os nomes mais sonantes deste livro. O restante é pura exploitation, um aglomerado de palavras que tentam dentro dos estritos confins da literatura popular definida em inúmeros workshops especializados despertar algum horror pela justaposição de imagens pretensamente revoltantes. É preciso um pouco mais do que menções a sexualidades desviantes, necrofilia e canibalismo, entre outros, para criar algo verdadeiramente revoltante.

As notícias dos telejornais são mais intensas e repugnantes. Livros como Heart of Darkness de Conrad mostram muito melhor as profundezas negras da alma humana. E em caso de quererem conhecer a maldade que vai no coração dos homens, perguntem a The Shadow. Ele sabe.