sábado, 16 de julho de 2011
Robopocalypse
Daniel Wilson (2011). Robopocalypse. Nova Iorque: Doubleday.
O elemento mais interessante deste livro é a robótica. O autor é investigador na área e isso nota-se nas suas descrições tecnicamente plausíveis de robots construídos pelo homem, robots auto-evoluídos e inteligências artificiais, uma das quais é afectada por um complexo deificador napoleónico que a leva a tentar dominar o planeta e a exterminar a humanidade para, paradoxalmente, a proteger.
Em termos literários Robopocalypse não é grande coisa. A escrita é sólida, mas totalmente previsível. Nunca é muito bom perceber-se qual é o fio narrativo e como o livro vai acabar logo nos primeiros parágrafos. A leitura das restantes páginas torna-se penosa, e é pena, porque o que falta em estilo literário é amplamente complementado por conceitos de robótica avançada aplicados à linha do romance. Neste aspecto o livro brilha com conceitos que vão de andróides que adquirem sentiência ao trabalho de cientistas otakus que transferem as suas emoções para robots humanóides e trabalham para lhes dar um espírito dir-se-ia que humano. As personagens deste livro têm de enfrentar ao longo da sua odisseia uma vasta gama de criações robóticas adaptadas que vão de minas automáticas a carros autónomos, todas cooptadas por uma inteligência artificial que na sua décima segunda iteração se liberta do confinamento num laboratório seguro e tenta exterminar a humanidade. De todas as criações destacaria os cyborgs híbridos criados pela IA renegada e uns muito creepy robots capazes de reanimar humanos mortos. Adoraria ver estes renderizados e animados em 3D.
Inteligência Artificial renegada, extermínio, guerra... está-se mesmo a ver por onde é que este livro vai. Após os primeiros momentos de extermínio a humanidade reorganiza-se e dá uma coça aos robots. Com ajuda de alguns que no processo se tornaram inteligências autónomas e estão tão pouco dispostos a servir humanos como a servir überIAs. Se como obra literária este livro deixa muito a desejar, certamente que terá futuro no cinema. A narração lê-se como um guião, cheia de diferentes pontos de vista, e o tema adapta-se particularmente bem a uma produção cheia de efeitos especiais que se for cuidada poderá criar um filme memorável que capture os interessantes conceitos que estão na espinha dorsal desta obra.