Keith Booker (2006). Alternate Americas: Science Fiction Film and American Culture. Westport: Praeger.
Esta obra traça através de diversos ensaios um panorama da influência do cinema de ficção científica sobre a cultura popular, centrando-se na capacidade deste género de nos levar a reflectir sobre temas incómodos, inquisitivos ou extraordinários, algo que geralmente não é possível a obras do mainstream. Centra-se em filmes que se entranharam na psique da cultura pop, e não em obras influentes dentro do género.
Booker levanta questões interessantes, apontando em particular a capacidade deste género cinematográfico de sob a cobertura de entretenimento passar mensagens fortemente subversivas para os contextos da época em que estrearam, quer sejam os subtextos de crítica ao militarismo e à guerra fria de O Dia Em Que A Terra Parou ou O Abismo, a misoginia, supremacia do homem branco e os esqueletos do armário do id de Forbidden Planet, à capacidade de enfrentar o extraordinário de 2001, a opressividade da vida banal do dia a dia em Encontros Imediatos do 3º Grau, o ultraliberalismo em Robocop ou Alien, a distopia de Blade Runner, a desumanização tecnológica de Terminator, a tradição revolucionária de Independence Day ou o questionar do significado do real em Matrix.
Por vezes, sentimos um certo esticar da corda quando o autor sublinha subtextos de obras mais recentes que se centram em invasões de potências maiores em que a capacidade revolucionária e engenho americanos conseguem levar a melhor sobre a superioridade tecnológica dos invasores. Sente-se particularmente nos paralelos traçados entre o poderio militar americano e os terroristas da Al Qaeda e o blitzkrieg alienígena de Independence Day.
Centrado na influência do cinema de ficção científica sobre a cultura popular global, escapando aos limites mais restritos do género, estes ensaios reflectem sobre o poder da FC de nos levar a questionar a contemporaneidade que nos rodeia sob a cobertura de entretenimento puro.
