domingo, 17 de abril de 2011
Sucker Punch
Este não é um bom filme, com aspirações a obra profunda ou de culto. Perde um pouco por querer ser mais do que é, tentando alguma profundidade dramática que falha redondamente. Sucker Punch é um momento de puro escapismo misturando elementos de acção, fantasia e ficção científica com a estética pessoal de Zack Snyder.
É o tipo de obra que ou se gosta ou se detesta. Como grande produção, tenta ajustar-se aos gostos de múltiplos nichos de audiência, tentando ultrapassar a grande impossibilidade que é agradar a gregos e troianos. Isso dá ao filme duas velocidades, com momentos entediantes em que se procura dar profundidade dramática ao argumento e personagens, e momentos de pura adrenalina com acção desbragada e efeitos especiais a condizer.
Encerrada num hospício, uma jovem orfã tenta sobreviver mergulhando num mundo de fantasia. Os desafios de uma fuga no mundo real são enfrentados como níveis de jogo, onde o fantástico quebra as barreiras do real.
Sucker Punch vale essencialmente pelos seus efeitos especiais. A estética sobrecarregada de Snyder (autor do remake de Dawn Of The Dead e 300) é apaixonante, para quem gosta destes estilismos. Eu, pecador, me confesso... sou fã incondicional. Não há cena ou fotograma que não seja pós-processado até à exaustão, não há ângulo de câmara que não seja explorado no seu máximo impacto. As levemente vestidas pós-adolescentes heroínas deste filme enfrentam desafios titânicos que vão desde sobreviver a hordes de zombies kaiserianos steampunk a dragões atacados com A20s. A quantidade de elementos deste género é quase insana. Snyder mergulhou a fundo na cultura de gaming e comics e apropriou-se de alguns dos mais icónicos elementos destes géneros.
Vê-se como um mergulho num jogo de computador, com estética a condizer. É essa a força deste filme. Tudo o resto procura uma profundidade dramática que quebra o ritmo da obra. Por vezes, as coisas devem ser como são, apenas porque é divertido. Se é puro escapismo, para quê procurar erudição...?