segunda-feira, 11 de abril de 2011
2012
Whitley Strieber (2007). 2012: The War For Souls.
Este é o tipo de livro que é divertido ler não pela sua qualidade literária mas pela quantidade de ideias bizarras por página. Striber, pelos vistos, vai-se juntar a outro dos meus prazeres, Dan Brown, cujas obras se lêem pela mesma razão. Estranheza é coisa que não falta neste semi-apocalíptico 2012. É uma verdadeira caldeirada de ideias obscuras de margem. Tem um pouco de tudo. Profecias maias, helicópteros negros, teorias da conspiração, controle de mente, tecnologia antediluviana, apocalipses, seres reptilianos que controlam o planeta, universos paralelos, instalações secretas de alta tecnologia, interpretações dúbias de mitologia comparada, segredos das pirâmides, raptos por seres alienígenas, ovnis, invasões secretas por entidades extra-humanas, anjos e demónios, capitalismo desenfreado, canibalismo, controle da mente... uma lista que não exausta a totalidade das ideias bizarras que se encontram nesta obra.
O argumento, lidando com a luta contra uma invasão de seres reptilianos de um universo paralelo que ameaça duas Terras, o nosso mundo e um mundo paralelo em que os grandes impérios do século XIX ainda são as potências dominantes, arrasta-se aos saltos com uma lógica discernível mas nem sempre aparente. o objectivo dos répteis é colonizar e escravizar os humanos, utilizando-os como mão de obra, alimento e roubando almas para saborear. As reviravoltas inesperadas são muitas, deixando um leitor mais experiente intrigado com a sequência lógica do autor.
Warren Ellis observou que Strieber pertence aquele reduzido grupo de pessoas para quem hipotéticas civilizações alienígenas se desenvolveram e exploram o espaço com a expressa intenção de raptarem e inserirem sondas anais nos rectos de vacas e humanos capturados nos locais mais provincianos do mundo desenvolvido. É esse o leitmotiv deste livro. Não ajuda Strieber ter escrito este 2012 mais como panfleto que como obra de ficção científica que pretende ser. É aparente que o autor é um zelota, crente incondicional nas ideias que espalha pelas páginas, e é a um público igualmente crente na possibilidade de uma humanidade dominada por seres reptilianos que este livro se destina. O que para muitos é trash-lit sem grande interesse, outros uma obra com piada mas sem grande mérito, é para uma minoria um reconhecimento e reforçar de ideologias de sanidade duvidosa. Que não deixam de ser divertidas e saborosas anfetaminas para a mente.