domingo, 16 de janeiro de 2011

Squirrel Seeks Chipmunk



David Sedaris (2010). Squirrel Seeks Chipmunk: A Modest Bestiary. Nova Yorque: Little, Brown & Co.

Se Esopo e LaFontaine estivessem hoje vivos e a escrever, sobre o que versariam as suas fábulas? Seriam as reflexões divertidas e moralizantes às voltas do padrão de comportamento aceite na sociedade ocidental, ou espelhariam as incongruências e paradoxos de uma sociedade contemporânea onde os conceitos comportamentais se fracturaram e os padrões estabelecidos deixaram de fazer sentido nas eternas buscas do bem estar individual?

É esta segunda via que Sedaris, presença regular nas páginas da New Yorker, recria nas pequenas fábulas que retratam as neuroses humanas contemporâneas utilizando a antropomorfização, um dos mais clássicos artifícios literários. Sob a cobertura dos pequenos animaizinhos ternurentos, o escritor ridiculariza a falta de bom senso que caracteriza as relações sociais contemporâneas. A minha fábula favorita é a do coelho que preocupado com a invasão da floresta se nomeia defensor vigilante e de cacete na mão abate tudo o que lhe parece ameaça à estabilidade e bem estar, aniquilando animais que lhe apontam falhas mas acabando nas bocarras dos lobos. Belíssimo comentário aos defensores mais arreigados do conservadorismo, prontos a saltar à cacetada sempre que se sentem ameaçados mas cegos perante os reais perigos do mundo contemporâneo.