Brendan Behan (2010). Nova Iorque. Lisboa: Tinta da China.
Num quarto de hotel, um dramaturgo alcoólico irlandês dita à sua secretária aquela que será a sua última obra. O resultado é este Nova Iorque, um imenso monólogo em que o escritor nos leva às ruas e aos bares de uma certa Nova Iorque, de cariz irlandês, vista por um homem que gosta de se sentar ao balcão e partilhar um bom whiskey e vários dedos de conversa com quem encontra.
A beleza deste livro está na sua profunda oralidade, que a palavra impressa e traduzida procura transmitir e quase consegue. A melhor forma de o ler é deixar as palavras ressoar na mente, tentando imaginar o tom de voz do autor, as gargalhadas que certamente deu enquanto ditava as passagens. É uma obra divertida, embora o seu humor seja detectável por quem tem mais facilidade com a oralidade da língua inglesa. As ilustrações elegantes que acompanham as palavras ajudam-nos a revisitar uma cidade marcante num tempo que já passou.