Yoshihiro Tatsumi (2008). Good-bye. Montreal: Drawn & Quarterly
Este livro foi uma completa surpresa. Há medida que vou descobrindo o prazer do manga, encontro muita coisa que pouco me diz e algumas obras estilística ou conceptualmente interessantes. Mas até agora nenhuma que quebrasse a imagem que tenho do género como algo fortemente comercial, fragmentado numa míriade de nichos atraentes para grupos de fãs acérrimos. Good-bye, e outras obras deste autor, pertencem a outro género de banda desenhada, de cariz reflexivo e autobiográfico que habitualmente ligamos aos comics independentes e a alguns auteurs europeus.
Good-bye reúne pequenas histórias que utilizando os recursos estilísticos do manga nos remetem para reflexões sobre a vida no Japão dos anos 70, abordando a solidão das grandes cidades, o lugar do homem envelhecido e reformado numa sociedade de formigas trabalhadoras, e o impacto cultural da presença de soldados americanos numa nação derrotada, sujeita aos horrores da bomba nuclear e empobrecida pelos longos anos da guerra. Não por acaso, a primeira história desta colectânea amarga leva-nos a Hiroxima e às consequências do bombardeamento atómico.
Misturando o individualismo da visão pessoal do autor com o estilo inconfundível do manga, Good-bye é uma surpresa a descobrir, que leva a querer procurar mais obras deste autor ainda desconhecido na europa.
