terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sci-Fi Art: A Graphic History



Steve Holland et al (2009). Sci-Fi Art: A Graphic History. Lewes: ILEX.

HarperCollins | Sci-Fi Art: A Graphic History.

Diz-se, acertadamente, que não podemos julgar um livro pela sua capa, mas é inegável a influência que uma boa capa tem sobre a percepção do livro enquanto objecto para reverenciar. Capa estilisticamente bela, textos que repercutem na mente e ilustrações interiores que ajudam o leitor a visualizar interiormente as palavras da obra, eis a minha ideia de um livro que dá prazer não só pela leitura como pela sua posse e gosto de passear os olhos pelas estantes e recordar o seu conteúdo.

Mais do que simples adorno, uma capa remete o leitor para a temática do livro e ajuda-o a visualizar na sua mente aquilo que lê. Basta pensar nas influentes ilustrações de capa e interiores das obras de Tolkien para ver até que ponto a imagem se imbrica nas palavras. Peter Jackson mostrou perceber isso ao respeitar na trilogia Senhor dos Anéis a estética dos livros, o que ajudou ao sucesso entre os fãs das obras.

Na ficção científica, as ilustrações de capa ganharam força própria, com um cultismo indicativo da forma como estas visualizações ajudaram a definir a estética da FC. As imagens icónicas que associamos ao género surgiram nas capas de livros e revistas, e repassaram para o imaginário colectivo com uma força inegável, maior do que as palavras dos autores de FC. É também de observar que em muitos casos, particularmente nos primeiros tempos do género, as ilustrações valiam muito mais do que as palavras de autores felizmente esquecidos que ilustravam.

Sci-Fi Art: A Graphic History é um livro luxuriante, repleto de imagens que entram nos olhos e excitam os centros cerebrais de prazer visual. Traça uma história da ilustração em FC desde os seus primórdios nos pulps, sem esquecer antecessores quase feéricos do século XIX, até à época contemporânea. Sublinhando o papel da ilustração na FC, destaca ilustradores que criaram alguns dos ícones da FC, como Frank Paul, Richard Powers, Chesley Bonnestell, Chris Foss, Jim Burns ou Vincent di Fate, entre muitos outros. Não se limitando a capas, olha também para a BD, Animação, Cinema, Concept Art e multimédia, exemplificando com o melhor do que se fez e se faz nestes campos. Das ilustrações feéricas de J. J. Grandville ao traço preciso de Syd Mead, das naves espaciais realistas de Chris Foss ao preto e branco apaixonante de Wally Wood, esta obra traça o percurso alucinante da iconografia de ficção científica.