terça-feira, 16 de novembro de 2010

Matter



Iain M. Banks (2008). Matter. Londres: Orbit.

Matter

É suficientemente deprimente saber que por muita que seja a nossa grandeza, somos meros grãos de areia no profundo oceano cósmico. Mas talvez seja muito pior imaginar-se um medieval senhor magnífico de um vasto domínio que não passa de um nível num planeta artificial (e nem sequer um dos níveis superiores) rodeado de culturas galácticas vastamente mais avançadas. É esta colisão, entre a pequenez e as vastidões, que dá o tom ao penúltimo romance da série Culture de Iain M. Banks.

A narração desenvolve-se em duas linhas que necessariamente colidem. Numa, o herdeiro do trono de um reino medievalista situado num nível obscuro de um planeta artificial luta contra uma conspiração que levará ao poder o aliado mais próximo do seu pai, na verdade um traidor que assassina o rei para abrir caminho à cadeira do poder. Noutra, a irmã deste herdeiro, destacada como representante da antiquada civilização nas vastidões galácticas do conglomerado de espécies que Banks descreve como a Cultura, inicia um périplo de regresso à terra natal para averiguar o porquê da morte do pai. Por detrás, interesses políticos de espécies alienígenas manipulam as acções dos agentes da civilização inferior num jogo geoestratégico para controlar o enorme artefacto que é o mundo artificial.

Esta obra revela o melhor e o pior de Banks. No seu melhor, temos os vastos panoramas Space Opera que o conceito abrangente da Cultura permite. No seu pior temos um prolongar desnecessário da narrativa. Embora o final da obra seja um pouco inesperado, as linhas narrativas são muito claras e na leitura deste livro sentimos que o autor se alonga em demasia, enrolando excessivamente os fios narrativos.