Miguel Rocha (2010). Hans, O Cavalo Inteligente. Lisboa: Polvo.
Beco das Imagens | Hans, O Cavalo Inteligente
Pode um animal ser inteligente à escala humana? Essa é uma questão para biólogos e etólogos, mas no século XIX alguns animais tornaram-se famosos por serem aparentemente capazes de dar resposta a questões matemáticas. Mais do que inteligência, e certamente não sabedoria científica, o que estava em evidência era a capacidade destes animais lerem a linguagem corporal dos seus tratadores. Mas o que deslumbrava as audiências era a aparente capacidade de raciocío dos seres que entendiam como bestas.
Hans, O Cavalo Inteligente de Miguel Rocha glosa um dos mais famosos episódios desta tendência numa história de recortes, desenvolvida teatralmente em cinco actos. Mais do que as capacidades do animal, coloca em evidência as obsessões do seu tratador, num estilismo retro e decadentes. Graficamente, esta obra é assombrosa, num registo preto e branco digital com forte tratamento pictórico de imagem que a deixa num registo próximo da pintura. O argumento é propositadamente desconexo, deixando ao leitor o desafio de interligar os actos, procurando o sentido à obra.
