quarta-feira, 17 de novembro de 2010

3DAlpha (III)



Terceira sessão de trabalho com os alunos. Nesta, optei por uma sessão livre, dando liberdade sobre o tipo de trabalho a realizar - cenas para renderizar em imagem fixa ou em animação. Este momentos são importantes para consolidar aprendizagens e permitir aos alunos descobertas através de exploração não estruturada. Se tiverem paciência para ver o vídeo podem visualizar a maior parte dos trabalhos produzidos na sessão de ontem. É mais de meio giga de informação, uma vez que os miúdos foram prolíficos.

A maior parte fica-se pela aplicação de elementos pré-definidos no programa, mas alguns já se atrevem a entrar na composição complexa de imagens. Alguns dos que brincaram com animação descobriram o poder dos ambientes - mudar de luminosidade e ambiente de céu durante a linha de tempo do filme produz resultados inesperados. Mostrei a um aluno como criar imagens simétricas utilizando um plano de nevoeiro manipulando as propriedades da textura para criar uma superfície espelhada e este replicou o truque por alguns colegas da turma.

Observei que a professora titular que alinhou neste projecto algures a meio da sessão instou os alunos a partilharem as suas descobertas com uma metáfora interessante: o conhecimento é como um copo cheio e todos temos sede, por isso devemos partilhar o que sabemos... pensei com os meus botões que não só o meu copo está cheio como ainda resta muita coisa no garrafão para partilhar neste projecto. Na hora do intervalo, com a recusa geral dos alunos em sair para o recreio (porque esta actividade interessa-os) apesar dos meus esforços em contrário, outra professora veio ver o que é que estes alunos andam a fazer. Ficou surpreendida e quase me obrigou a iniciar um projecto similar com a turma dela. Como resultado, na próxima terça feira vou já dinamizar uma sessão introdutória com mais uma turma. Era este outro resultado que espero atingir com este projecto - uma propagação viral das possibilidades das TIC como ferramenta criativa. Porque uma coisa é falar, apresentar projectos e mostrar imagens. Quem vê acha interessante, mas poucos avançam daí, pensando sempre que não lhes é possível desenvolver trabalhos similares. Outra coisa é ver um projecto em andamento, e aí sim, percebe-se que é possível. E se se puder, quer-se fazer.

Encaro esta história do PTE como uma forma de contribuir para a literacia digital, que para mim é algo mais abrangente do que saber processar informação disponível online e manipular processadores de texto e ferramentas de apresentação. No despertar da criatividade, combinada com a plasticidade do ideário das crianças, ainda não contaminada pelas ideias de limitações que vão surgindo a partir da adolescência, que a utilização de TIC tem um enorme potencial. Não se trata de aprender a usar ferramentas para as saber utilizar, nem de utilizar tecnologias digitais como uma nova forma de apresentar conhecimentos (é por isto que eu detesto tanto os quadros interactivos), mas sim de as utilizar como ferramentas que são para exprimir ideias. Ninguém dá muita importância ao lápis ou ao pincel per se; o foco está nos processos de utilização, no desenho e pintura. Não vejo porque é que as ferramentas digitais possam ser diferentes.

O momento mais interessante da sessão surgiu quando alguns alunos me pediram para lhes ensinar a criar estrelas. Tinham visto exemplos e queriam fazer algo similar. Não o fiz, deixando para a próxima sessão - é um processo já mais complexo que implica trabalhar em diferentes pontos de vista e manipular formas primitivas (em 3D, primitivos são as formas geométricas simples). O que não impediu um aluno de o tentar fazer, utilizando cones e rotações. Infelizmente não gravou o trabalho, e este perdeu-se no éter digital. Mas isto já me dá o tema para a próxima sessão.