Quando a vida nos tira o que mais gostamos, temos de mergulhar nos pequenos prazeres para tentar recuperar a alegria de viver. Perdi o que mais queria, mas recuperei o prazer de viajar à aventura, o gosto da cinefilia de autor e regressei de facto à cidade que mais gosto. Ainda durmo na Ericeira, mas perdi o gosto a esta terra, porque o projecto de vida que me levou a cá viver se desmoronou. Talvez regresse a Lisboa, a minha cidade natal e também a minha cidade favorita, só para ter o prazer de voltar a viver com aquela luz de fim de tarde. E para não ter de gastar litros de gasóleo sempre que me apeteça ir ver uma exposição, espreitar as novidades cinéfilas no King ou simplesmente sair do trabalho e saborear um fim de tarde no esplendoroso miradouro da Graça.
Quando a vida nos prega partidas dolorosas e inesperadas, regressar às origens poderá ser uma boa forma de pegar nos pedaços e começar a reconstruir os sonhos. As minhas origens estão na cidade das sete colinas. A felicidade recupera-se nas pequenas coisas do dia a dia. Sic transit mundi.