sábado, 14 de agosto de 2010

Empire Of Blue Water



Stephan Talty (2007). Empire Of Blue Water. Nova Yorque: Three Rivers Press.

New York Times | Empire Of Blue Water

Esta interessante obra sobre a história da pirataria nas caraíbas tem o curioso pormenor de se ler como um bom romance de aventuras. O autor pega na vida e feitos do infame Capitão Morgan, o primeiro dos grandes piratas, entrelaçando-a com os contextos políticos e económicos da época. O resultado é uma obra empolgante, que se vai lendo sem fólego até à ultima página.

Talty enquadra bem o problema da pirataria, pintando um cenário abrangente que inclui um império espanhol decadente, imobilizado pelo peso da burocracia e ideologias monolíticas, os efeitos dos conflitos europeus nas distantes colónias, os titubeantes primeiros passos britânicos para construir o seu império, e as multidões de homens e mulheres que, por desejo de aventura ou pobreza extrema tentaram a sua sorte em paragens distantes, apenas para descobrir que a alternativa era uma vida desregrada capaz de trazer riquezas fabulosas que depressa se dissipavam.

No centro do livro está a cidade jamaicana de Port-Royal, descrita pelo autor como a primeira verdadeira cidade de fronteira, violenta, atraente, dinâmica e rica. Foi esse o primeiro grande centro de pirataria, na época sancionada pelos estados como forma de estender as guerras travadas no solo europeu aos territórios coloniais. À sua volta giram as façanhas dos piratas, sublinhando as proezas do Capitão Morgan e dos seus raids temerários aos principais centros de riqueza da américa espanhola. Lidas como aventuras, são histórias de violência e cupidez, de desafios levados a cabo por homens que pouco tinham a perder e cujas riquezas, à época astronómicas, depressa se perdiam nas tavernas e lupanares da capital da jamaica.

O livro termina com a morte de um Morgan já respeitável, membro aceite de uma comunidade que rejeitou a pirataria mas prosperou à sua custa, e com o arrasar da cidade de Port-Royal num violento terramoto que pôs fim à cidade vibrante dos seus tempos áureos.