domingo, 21 de fevereiro de 2010

Google Sketchup

Desenvolvido em 1999 pela @Last Software segundo um princípio de acessibilidade à modelação 3d, com utilização restrita a gabinetes de arquitectura e utilizadores profissionais. Adquirido pela Google em 2006, complementando as ofertas da empresa na área da visualização 3D (Google Earth), que publicou a versão 6 do programa em 2007 e a versão 7 em 2008. Esta análise foi efectuada com a versão 7.0.10247. A aquisição desta ferramenta de modelação e a forma como foi publicitada e disponibilizada aos consumidores pelo gigante da economia digital popularizaram uma aplicação até então pouco conhecida. Fornecida pela Google sob dois tipos de licença: free, gratuita com algumas limitações de ferramentas e exportação, pro, paga e sem quaisquer limitações.  É complementada pelo website 3D Warehouse, que possibilita aos utilizadores um espaço de publicação e troca de modelos criados no programa.

A aplicação está disponível para sistemas operativos Windows e Macintosh, podendo ser utilizada em Linux dentro do ambiente de emulação Windows WINE. Requer como hardware mínimo um pc com processador de 600 mhz, 128 Mb de RAM, 128 Mb de espaço disponível em disco, e placa gráfica com 128 Mb de memória dedicada com suporte para OpenGL 1.5.

Fig. 1: área de trabalho com referenciais visuais.

 O Google Sketchup é uma aplicação que facilita o processo de criação de modelos tridimensionais com um fluxo de trabalho similar ao traçar com caneta em papel. Apresenta um interface simples, com um ponto de vista em perspectiva que pode ser rodado para a posição que o utilizador desejar e poucas ferramentas visíveis. A área de trabalho é limpa, mantendo três referenciais visuais: horizonte, simbolizado pela superfície verde do chão e gradação azulada do céu; eixos cartesianos, identificados por cores (Y, azul, X, verde, Z, vermelho); homem bidimensional, ajudando a manter o sentido de proporção.

Fig. 2: barra de ferramentas simplificada.

É disponibilizado um conjunto de ferramentas considerado pelos conceptores da aplicação como as mais úteis: uma de selecção, quatro de desenho (linha recta, quadrado, círculo e arco), quatro de utilitários (componente, borracha, fita métrica e balde de tinta), quatro de modelação (push/pull, deslocação, rotação e offset), quatro de visualização (órbita, mão, zoom e posicionamento de zoom) e ferramentas de integração com a aplicação Google Earth e o website 3D Warehouse. Através dos menus da aplicação podemos aceder a uma paleta de ferramentas mais alargada.

A aplicação classifica-se como modeladora de superfícies. Trabalha com arestas, que sendo coplanares formam faces. Estas podem ser modeladas com as ferramentas disponíveis: posicionamento, rotação, offset, e uma ferramenta de extrusão proprietária denominada push/pull que permite transforma qualquer superfície não curva num sólido. O princípio do desenho de interface, não o enchendo com todas as opções possíveis e concentrando-se em algumas ferramentas e opções elementares evitando sobrecargas de informação, é mantido no fluxo de trabalho com a aplicação. Algumas opções estão só disponíveis durante o processo de desenho de uma aresta ou extrusão de face (como a aplicação de medidas rigorosas). Ao traçar linhas surgem pistas visuais (cores e pontos) denominadas inferências que auxiliam o utilizador a posicionar e organizar as arestas do modelo.

As ferramentas de modelação são de utilização simples. A ferramenta push/pull transforma qualquer superfície num sólido geométrico. A ferramenta de posicionamento permite reposicionar todo um objecto, grupos de faces e arestas, faces ou arestas individuais, o mesmo se aplicando à ferramenta de rotação. Os resultados das transformações geram novas faces. A ferramenta offset gera uma figura geométrica concêntrica maior ou menor do que a figura formada pelas arestas de uma face.

Fig. 3: utilização de inferências para auxílio ao traçado de uma linha que una dois pontos médios de uma face.

As inferências são um auxiliar precioso. Ao traçar uma linha esta pode assumir cores, indicando-nos a sua posição relativa às coordenadas cartesianas (as cores correspondem às cores atribuídas aos eixos, a cor preta indica tratar-se de uma linha oblíqua no espaço). À medida que o desenho progride surgem alguns indicadores visuais e textuais que facilitam o traçado de linhas paralelas, mediatrizes e formas geométricas rigorosas.

A visualização do processo de trabalho é facilitada pela utilização das ferramentas órbita, que modifica o ângulo de visão sobre o objecto, mão (pan), que reposiciona o ponto de vista, e posicionamento de zoom, que ao ser activado transfere o ponto de vista para uma visão global do objecto.

O fluxo de trabalho no programa envolve a criação de modelos arquitectónicos de raiz ou a partir de imagens de referência. As ferramentas de desenho são utilizadas para traçar arestas e figuras geométricas que modificadas com as ferramentas de modelação são transformadas em sólidos. A cada face podem ser aplicadas cores ou texturas. O modelo pode ser visualizado simulando um passeio dentro da construção. O resultado de um processo de criação é um ficheiro no formato nativo SKP, com possibilidade de exportação como imagem bidimensional ou modelo tridimensional para os formatos 3DS, OBJ, XSI, FBX, VRML, DAE e KMZ (específico do Google Earth). A versão gratuita do programa apenas exporta modelos 3D para KMZ.

Fontes:
Chopra, A. (2007). Google Sketchup for Dummies. Indianapolis: Wiley Publishing.