Aqui há tempos congratulei-me por ter sido passada a lei que permitia o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Enganei-me. Tratava-se apenas dos salvos iniciais na guerra que irá certamente aquecer nos próximos dias. Bem estranhei a coisa estar tão morna.
A minha opinião pessoal é nisto secundária. Não interessa se apoio ou não o princípio do casamento entre pessoas do mesmo sexo (apoio), ou qual a reacção perante o conceito de homossexualidade (é-me totalmente indiferente). O que interessa é defender o princípio da liberdade, que não se resume às liberdades consideradas aceitáveis pelo status quo e que implica aceitar princípios que vão contra crenças individuais (ou sociais e religiosas), desde que obviamente não ponham em causa liberdades e integridades. É esse o limite da liberdade.
O melhor argumento que li até agora sobre este assunto encontra-se no blog Que Treta!, que afirma que a questão essencial está no poder que atribuímos aos legisladores no domínio de decisões que são pessoais e individuais, e que se repercutem em leis que reflectem as formas de pensar de alguns grupos. Mas leis são leis, e aplicam-se a todos. Crenças e tradições têm que estar longe da legislação.
Esperemos que a lei passe. Para já, vou-me divertindo com os primeiros tiros num combate que irá aquecer. Estou ansiosamente à espera que os sectores mais conservadores da nossa sociedade se comecem a pronunciar. Será divertido ouvir os habituais argumentos medievais e obscurantistas. E uma reflexão final: não é boa ideia avançar para um referendo. Isso só traria uma vitória de um não, depois de acesas discussões de púlpito e adro de igreja.