terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Computadores, Ferramentas Cognitivas



Jonassen, D. (2007). Computadores, Ferramentas Cognitivas. Porto: Porto Editora.

Cap.1 : ferramentas cognitivas - aplicações informáticas que exigem que os alunos pensem de forma significativa de modo a usarem a aplicação para representar o que sabem (p:15). Descrição da chamada taxonomia de Jonassen: aprender a partir de computadores - ensino assistido por computadores (drill and practice de base behaviourista, tutorial com resposta de escolha múltipla e sistemas tutoriais inteligentes); aprender sobre computadores (literacia informática; aprender a controlar o computador e programas); aprender com computadores: a tecnologia como parceira no processo educativo (p: 20). Abordagem construtivista. Os computadores permitem: apoiar a construção de conhecimento (representação de ideias, percepções, convicções; produção de bases de conhecimento multimédia); exploração (aceder a informação, comparar perspectivas); aprendizagem pela prática (simulação, representação, espaço seguro e estimulante); conversação (colaboração, discussão, construção comunitária de conhecimento); parceiro intelectual para reflexão (articular e representar, reflectir, estimular construção de significados, construir representações, desenvolver pensamento cognitivo) (p:21). Ferramentas cogniticas como forma de estimular aprendizagens significativas, que envolvam componentes activa (manipulação/observação), construtiva (articulação/reflexão), intencional (reflexão/regulação), autêntica (complexidade/contextualização), cooperativa (colaboração/conversação.

Teorias de aprendizagem aplicada às tecnologias sofre trasformação - construtivismo, centrado sobre o processo de construção do conhecimento pelos alunos. Ferramentas cognitivas apoiam a construção de aprendizagens. ênfase em processor colaborativos, exploratórios, que permitam reflexão e interpretação - construção activa dos conhecimentos. Auxílio ao pensamento reflexivo, parceria cognitiva (retira esforço a tarefas mais repetitivas). Apoio ao desenvolvimento cognitivo na zona entre capacidades existentes e capacidades potenciais do aluno (zona de desenvolvimento proximal de vygotsky).

Cap. 2: pensamento crítico – interrelacionado com teoria das múltiplas inteligências fe gardner. Jonassen distingue três áreas de pensamento a estimular nos alunos (modelo de pensamento integrado): pensamento elementar/de conteúdo (o que a criança aprende, competência memorizada); pensamento crítico (reorganização dinâmica do conhecimento de formas significativas e utilizáveis (p:40)); pensamento criativo (gera novo conhecimento).
Pensamento crítico: divide-se em três competências gerais: avaliar, analisar e relacionar.
Avaliar: fiabilidade da informação; determinar critérios para avaliar méritos das ideias; saber priorizar opções de acordo com a sua relevância; reconhecer erros de raciocínio; verificar argumentos e hipóteses.
Analisar: reconhecer padrões de organização; classificar de acordo com categorias; identificar pressupostos declarados ou não; identificar ideias centrais; encontrar sequências ou ordens consecutivas.
Relacionar: comparar/contrastar semelhanças e diferenças; pensar logicamente; inferir dedutivamente a partir de generalizações; inferir indutivamente teoria a partir de dados; identificar relações causais.
Pensamento criativo: fortemente inter-relacionado com pensamento critico, leva mais além do conhecimento aceite e gera novo conhecimento. Divide-se em três componentes: sintetizar, imaginar, elaborar.
Sintetizar: pensar analogicamente recorrendo a analogias e metáforas; resumir ideias principais por palavras suas; colocar hipóteses acerca de relações entre acontecimentos; planificar um processo passo a passo.
Imaginar: exprimir ou gerar ideias; prever acontecimentos/acções causadas por conjuntos de condições; especular e pensar sobre hipóteses; visualizar criando imagens ou ensaios mentais; intuição ou palpites sobre ideias.
Elaborar: expandir informação adicionando pormenores; modificar, refinar ou mudar ideias para diferentes finalidades; expandir ideias aplicando-as em diferentes contextos; trocar categorias de pensamento; concretizar ideias gerais.
Pensamento complexo: confluência das dimensões crítica, criativa e elementar: geram processos orientados para a acção (p:44). Envolve:
Resolver problemas – apreender; investigar; formular; encontrar alternativas; escolher solução; encontrar aceitação.
Conceber – imaginar um objectivo, formular um objectivo, inventar, avaliar e rever um produto.
Tomar decisões: identificar questões; gerar alternativas; avaliar consequências; tomar decisões; avaliar escolhas.

Cap. 3: Bases de dados – sistemas que apoiam o armazenamento e recuperação de informação de forma organizada (p:71). Implicam estrutura, o que obriga alunos a analisar e compreender a informação. Construir bases de dados implica construir e exemplificar modelos estruturais de conteúdos, utilizando-os para comparar e contrastar relações. Estimula competências de pensamento de ordem superior.

Cap. 4: Redes Semânticas (mapas conceptuais): ferramentas gráficas para criação de mapas de conceitos, representando estruturas de ideias e conhecimentos na memória ou área de conteúdos. Envolve analisar e organizar áreas de conteúdos.

Cap. 5: Folhas de cálculo: ferramentas que permitem identificar, manipular e visualizar relações quantitativas entre entidades e criar simulações de fenómenos quantitativos dinâmicos. Reduzem o consumo de tempo na manipulação de cálculos e números, utilizam quase todos os tipos de relações matemáticas. Utilizar folhas de cálculo envolve construir modelos quantitativos do mundo real, utilizáveis para especular sobre as mudanças nos fenómenos.

Cap. 6: Sistemas Periciais: bases de conhecimento que representam conhecimento causal e procedimental sobre áreas de conteúdo. Eficazes em tarefas de resolução de problemas que impliquem decisão. Envolvem reflexão sobre relações causais e dinâmicas entre conceitos em qualquer área do conhecimento.

Cap. 7: Modelação de Sistemas: complexa e envolvente ferramenta de modelação dinâmica. Construir um modelo de um sistema implica conhecer bem o conteúdo. Implica uma postura mais construtivista por parte do professor e flexibilidade programática, devido às exigências de tempo na construção de modelos.

Cap. 8: Micromundos: ferramentas que envolvem alunos na verificação de hipóteses e construção de modelos mentais. São ambientes de exploração e descoberta predefinidos que representam simulações delimitadas de fenómenos complexos do mundo real. Implica construção de conhecimento através da exploração.

Cap. 9: Ferramentas de pesquisa intencional: a navegação e a pesquisa na internet são ferramentas cognitivas na medida em que correspondem a acções para preencher necessidades de informação. Para serem eficazes, têm de envolver intencionalidade, ser contextualizadas e obedecer a critérios de selecção de informação.

Cap. 10: Ferramentas de representação visual: representam visualmente ideias abstractas, ajudando a compreender e expressar. Utilizadas como andaime que permitem construção de conhecimento. Facilitam a compreensão de ideias.

Cap. 11: Hipermédia: os alunos já crescem rodeados de multimédia e hipermédia; utilizar estes meios como apoio a metodologias clássicas de ensino pode cativar momentaneamente os alunos. Mais eficaz quando envolve alunos na representação de conhecimentos através da construção de materiais multimédia. Investigações futuras centrar-se-ão em aprender recorrendo à construção de hipermédia ao invés de aprender através do hipermédia.

Cap. 12: Ferramentas de conversação síncrona: meio poderoso mas ainda muito recente para apoiar colaboração e negociação social.

Cap. 13: Ferramentas de conferência assíncrona: através de email ou fóruns, apoiam a aprendizagem estimulando a comunicação, confronto de ideias e justificação de decisões, implicando pensamento crítico.

Cap. 14: Implicações das ferramentas cognitivas:
Papel das ferramentas cognitivas na sociedade: envolvem alunos em aprendizagens significativas, e auxiliam na aquisição de competências de pensamento superior, embora não sejam o único factor.
Papeis construtivos para os alunos: formas clássicas de ensino envolvem memorização sem construção de estratégias alternativas; baixas expectativas sociais sobre o desempenho dos alunos; dependência de percepções vagas e soluções rápidas para problemas, sem desenvolver capacidade de raciocínio mais esforçado. Ferramentas cognitivas funcionam com mais sucesso em situações de reforma educativa que envolvam os alunos como construtores de ideias, aprendendo de forma activa e consciente. Necessita de proporcionar objectivos relevantes e ferramentas que orientem o processo, levando a que os alunos sejam capazes de determinar os seus objectivos de aprendizagem com autocontrolo e disciplina.
Desafios para professores: modificar filosofias de ensino, procurando abordagens construtivistas; desenvolver competências tecnológicas e envolver-se na construção de aprendizagens mediadas pela tecnologia; modificar competências pedagógicas, abandonando as metodologias de mostrar e fornecer respostas aos alunos na direcção de questionar os alunos; na sua autoridade, perder a ansiedade perante o não conhecer tecnologias, colocando de parte a imagem de professor enquanto juiz do conhecimento e demonstrando que a construção do conhecimento passa pela admissão do que não se sabe; na área administrativa, a estruturação rígida da escola (programas e horários rígidos) terá de ser alterada na direcção de horários mais flexíveis, que permitam o desenvolvimento prolongado de projectos; na componente tecnológica, a existência de computadores suficientes é um factor determinante, bem como o acesso aos mesmos; modificar as percepções dos pais, viciados no desempenho medível em testes padronizados normativos que não estimula desenvolvimento de competências de pensamento superior.

Citações: “Ferramentas cognitivas são aplicações informáticas que exigem que os alunos pensem de forma significativa de modo a usarem a aplicação para representar o que sabem (p:15)

“O construcionismo defende que os alunos constroem o conhecimento da forma mais natural e completa quando estão empenhados na construção de um qualquer artefacto” (p: 228)

“O argumento para o construcionismo é o conhecimento enquanto construção, que defende que a aquisição de conhecimento é um processo de concepção, facilitado quando os alunos se encontram activamente empenhados na construção de conhecimentos e não na sua interpretação ou codificação. Os alunos tornam-se criadores quando se centram na aquisição de informação em função de um objectivo, gerando casos-modelo e utilizando os argumentos proporcionados pela matéria em análise para justificar a concepção.” (p:228)

“A televisão permite que os alunos permaneçam passivos, desprendidos, inconscientes e não regulados. Essa estratégia não irá funcionar com as ferramentas cognitivas. Não se pode “ligar os miúdos às ferramentas cognitivas” e esperar que trabalhem sem o seu apoio e orientação e não pode modelar, treinar e apoiar a aprendizagem a menos que as compreenda e compreenda os seus objectivos. “ (p:302)