Diz-se quem em 1895 os incautos parisienses que assistiram ao filme L'arrivée d'un train à la Ciotat dos irmãos Lumière saltavam das cadeiras e fugiam perante as imagens de uma locomotiva a chegar à estação. Uns anitos mais tarte, os primeiros estúdios de cinema a produzir filmes como indústria, os Estúdios Edison, vendiam aos incipientes cinematógrafos o filme The Great Train Robbery com uma nota a indicar que a cena final podia ser mostrada no princípio do filme, para dar um efeito mais espectacular. É a cena icónica do cowboy que dispara um revolver em frente da audiência e que também assustou os primeiros cinéfilos que iam ver o primeiro filme western.
Tudo isto porque ontem tive o primeiro contacto com a novíssima tecnologia de cinematografia 3D. Filmado com a tecnologia da Real 3D, o filme causou-me náuseas, vertigens e sensações estranhas de figuras que pareciam vir na minha direcção. A sensação de profundidade fazia-me olhar de forma exploratória para cenários e objectos, e quase apetecia levantar as mãos e tentar tocar na imagem que os meus olhos e o meu cérebro interpretavam como um volume tridimensional. Fiquei rendido. Foi o meu momento lumiêre, em que uma nova tecnologia de representação desafiou a minha percepção. Pode ser uma tecnologia gimmicky que vai gerar milhentos filmes cheios de cenas e ângulos de câmara feitos para espantar os espectadores, mas fascina.
O caminho está traçado. O futuro é o 3D e realidade aumentada. E não só do cinema. Imagine-se esta tecnologia aplicada à visualização de dados, educação, gui ou leitura/navegação.
(Agora o momento de autocongratulação: num nível muito diminuto quando comparado com estas tecnologias de ponta eu e os meus alunos também trabalhamos para este futuro do 3D quando utilizamos ferramentas de modelação tridimensional e vrml como media expressivo.)