domingo, 1 de novembro de 2009

Artificial Intelligence



Blay Whitby (2008). Artificial Intelligence. Oxford: Oneworld Publications.

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Depois de ler esta curta mas abrangente introdução ao vasto campo de investigação que é a Inteligência Artificial, fica-se com a sensação que este é o menos bem compreendido ramo das ciências computacionais. A IA tem uma mística muito própria, e uma imagem pública que envolve a evolução da máquina para níveis de inteligência que emulem a inteligência humana. Mas de facto esse não é o objectivo principal deste campo, e resta o paradoxo de como construir máquinas que imitem o pensamento humano quando este é ainda mal conhecido, apesar dos enormes avanços da neurociência nas últimas décadas.

Dotar máquinas de inteligência é o objectivo da investigação em IA, e para isso são necessárias abordagens multidisciplinares que vão física e informática aplicada às neurociências, psicologia, filosofia e até ciências da educação. A interconexão destas áreas depende da vertente de pesquisa. O que estas têm de comum é que partem de bases lógicas que parecem simples mas à medida que os trabalhos avançam tornam-se desafios complexos que impedem que se atinja rapidamente os objectivos finais. Mas os resultados laterais, as tecnologias e metodologias que são desenvolvidas para atingir objectivos que parece inatingíveis, são de uma enorme riqueza e têm aplicações práticas imediatas que estão a revolucionar processos de gestão aplicáveis em àreas que vão da astronáutica à medicina, passando pela economia e robótica.

Das várias vertentes de pesquisa em IA há algumas que se destacam. Há investigadores que se esforçam por simular a estrutura do cérebro humano, o que levou ao desenvolvimento das rede neuronais, cuja já elevada complexidade ainda não se aproxima da do cérebro de um caracol. Outros baseiam-se nas teorias de aprendizagem para fazer evoluir a IA. Sabendo que o que pensamos e a forma como pensamos é decisivamente influenciada pelo que aprendemos, estes investigadores avançam no caminho lógico que é ensinar computadores. Lógico, mas nada simples, e com resultados aquém das expectativas, que diga-se, no que toca a IA são sempre muito elevadas. A simulação de processos mentais recorrendo a software deu-nos enormes avanços em lógica difusa e, sem ter dado origem a máquinas inteligentes (e ao sonho/pesadelo de uma máquina consciente), levaram ao desenvolvimento de potentes ferramentas de software de pesquisa, gestão e apoio à decisão que estão por detrás de sistemas funcionais que já utilizamos no dia a dia - tecnologias como a análise heurística, data mining, ou gestão inteligente de sistemas de produção, gestão financeira ou gestão de sistemas de transporte.

A IA assemelha-se à busca pelo Graal. Procura-se o desenvolvimento de inteligências artificiais, mas esse objectivo parece ser inatingível. O interessante está nos caminhos que se tomam em direcção ao fim desejado, que levam ao desenvolvimento de tecnologias avançadas com aplicação prática no dia a dia de uma humanidade que vive já interdependente com máquinas. E quanto ao famoso teste de Turing, este autor desmonta-o logo nos primeiros parágrafos, até porque considera uma distração o focalizar na imitação da inteligência humana.