segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rex Mundi




Arvid Nelson, Juan Ferreyra. Rex Mundi. Milwaukee: Dark Horse Comics

Wikipedia | Rex Mundi

A busca pela posse do Graal é o fio condutor do arco de histórias de Rex Mundi. Mas esta não é uma história típica de códigos secretos, cavaleiros templários ou conspirações secretas. Rex Mundi passa-se numa era alternativa, em que as grandes unidades territoriais da idade média não se desfizeram. A Península Ibérica é ainda o Califado de Córdova, o reino de França aproxima-se das fronteiras de Carlos Magno. A Itália continua dividida nas suas repúblicas e Estados Pontifícios, enquanto a Aústria forma o coração do Sacro Império Romano Germânico, fazendo fronteira com o Império Otomano. As concessões à modernidade encontram-se na Rússia e Prússia unificadas, bem como no império Britânico. Mantendo o espírito medievalista, o mundo de Rex Mundi é um mundo de magia e nobreza, de sangue azul e distinções de classe onde a inquisção é uma força temida. Mas é também um mundo moderno, situado nos anos 20 do século XX.

O comic segue as aventuras de Jacques Saunière, médico francês que se envolve numa busca pelo Graal enquanto luta contra o regime tirânico do Duque de Lorraine, usurpador do trono francês e imperador de um regime fascista. O tratamento dado pelos autores a este império é curioso, recuperando a inconografia nazi mas aplicando-a aos franceses. Aliás, a questão inconográfica é um dos pontos fortes desta série, com os autores a mesclarem factos da realidade histórica com a realidade alternativa que criaram. Entre outros exemplos, há uma cena de coroação imperial decalcada do célebre quadro da coroação de Napoleão ou um recriar da fotografia de soldados soviéticos nos telhados do Reichstag, mas o contexto alternativo é o de uma aliança entre os impérios Francês e Russo.

A história tem um final previsível - Saunière toma posse do Graal, revelando-se de linhagem real, e o tirano de Lorraine tem o destino que merece. Mas o mais interessante nesta série é o desenvolvimento de uma realidade alternativa plausível, bem construída e com suficientes detalhes para se tornar uma história dentro da história.