domingo, 28 de junho de 2009

Vícios



Leitura de sábado: a Science et Vie Hors Série Special Aviation 2009. Conclusões rápidas:
- na aviação civil, o mercado dos aviões de grande capacidade é dominado em exclusivo pela Boeing e pela Airbus, que disputam a liderança no terreno numa dança cara e complexa. Outras seis empresas - Canadair, Embraer, Sukhoi, ARC e Mitsubishi, competem pelo mercado dos jactos intermédios, ditos regionais, destacando-se a brasileira Embraer pela liderança do mercado.
- na aviação militar, assistimos aos primeiros tempos de uma mudança fundamental de paradigma. O avião de caça, pilotado pela élite dos pilotos e a aeronave militar de maior prestígio, tem os dias contados. Um caça de combate moderno é uma máquina super sofisticada, altamente complexa e cara. A força aérea americana, por exemplo, não coloca a sua aeronave mais avançada, o fenomenal F-22, no terreno com medo de possíveis perdas. O patamar de desenvolvimento de um novo avião de combate é muito elevado. A alternativa - aviões autónomos sem piloto, controlados a partir de bases que podem estar a milhares de quilómetros do teatro de operações, impõe-se no terreno. A utilização de UAVs para reconhecimento é já normal e o salto lógico - aviões pilotados de combate, já foi dado. Os modelos mais avançados destas máquinas são quase totalmente autónomos, robots armados até aos dentes que patrulham os ares em busca de alvos de ocasião (as decisões de disparo não são automáticas... por enquanto). Os UAVs de combate propostos, caso do europeu Neuron, são sonhos futuristas concretizáveis a curto prazo.
- novas tecnologias: o conceito de helicóptero redefine-se enquanto os principais construtures procuram formas de ultrapassar a barreira dos 400 km/h. O investimento em tecnologias limpas é uma realidade: as motorizações de pequenos aviões começam a ser exclusivamente eléctricas, experiências com biocombustíveis prometem menor dependência do petróleo, a aerodinâmica, motorizações e materiais utilizados na construção de aviões são afinados para melhorar velocidades, aumentar o conforto e diminuir o consumo energético.

Se o fim do caça pilotado de combate se verificar, é verdadeiramente um fim de uma era, a era dos cavaleiros do ar, que se digladiavam em duelos cavalheirescos nos céus com as suas máquinas elegantes. A era dos ases, dos tão poucos aos quais tantos ficaram a dever, parece deslocar-se inexoravelmente na mesma direcção em que se deslocou o cavaleiro com a sua armadura metálica - para uma recordação histórica.