Então quanto é que eu lhe devo, foi a pergunta que um encarregado de educação hoje me fez após ter intervido num magalhães. Nada, disse eu. Absolutamente nada. Sou professor, não técnico, e auxilio porque, enfim, é injusto para mim e beneficia uma empresa, mas quando eu estou em apuros gosto que me ajudem. Como o veterinário que este domingo não me cobrou mais do que uma consulta normal quando a minha gata voou do terceiro andar, apesar de ter ido à clínica de propósito. Actos casuais de generosidade.
Manhã com três magalhães, um a repôr o sistema e dois a resolver a cegueira legislativa que retirou os jogos ao caixa mágica. Pronto, sei que não devia intervir neste segundo assunto, mas as linhas de apoio também não parecem saber isso. Sempre que um encarregado de educação liga para eles, não explicam o porquê da não instalação de jogos e remetem para os responsáveis do agrupamento de escolas. Mas foi um momento interessante: após uma demonstração, foram os encarregados de educação que, eles próprios, instalaram o que quiseram no caixa mágica. É uma vitória para o linux, durante tanto tempo desconsiderado pela sua falta de usabilidade, que duas pessoas que não utilizem o computador fiquem à vontade para instalar software no caixa mágica.
Enquanto isso, decorria o momento mais aguardado do ano: a entrega de pcs para a escola. Finalmente vamos passar a contar com um parque informático renovado. A entrega é de vulto - permite colocar um pc por sala de aula, e consigo incluir gabinetes onde funcionam projectos especiais, duplicar o número de pcs da sala de informática, reforçar a àrea administrativa de professores e executivo, e reforçar significativamente a biblioteca. É o PTE em andamento.
Mas como o PTE anda coxeando, ainda não é desta que ficámos equipados. A espinha dorsal da escola, a nova lan de alta capacidade, ainda está longe de ser montada. Ponderei colocar já todos os pcs a funcionar, mas isso implicaria um enorme trabalho de configuração de dezenas de máquinas para a rede agora existente, que teria de ser refeito dentro de dois meses, após a activação da nova rede. E colocá-los onde, uma vez que a maior parte das salas não tem ponto de rede e as principais salas estão danificadas por vandalismo (ou descuido, uma vez que são utilizadas apenas com a presença de professores). Optámos por uma solução salomónica: ficaram apenas montados pcs nas salas de aula, ainda sem ligação à rede (mas a aceder à web através da nossa rede wifi). Os restantes estão bem guardadinhos, a aguardar a finalização da etapa crucial do PTE que ainda não foi iniciada. Em setembro, espero, fica tudo a funcionar. Mesmo assim, montar vinte e nove computadores deixou a escola em rebuliço.
Resta um pequeno pormenor: electricidade. Um ponto de luz a alimentar projector, pc, monitor e portáteis da escola ou de professores. Multiplicado por vinte e cinco salas. Com um quadro pensado para as necessidades dos anos 90. Do século passado. Pois é, não passou pela cabeça das luminárias do ministério que a tecnologia precisa de infraestruturas para funcionar...