sábado, 23 de maio de 2009

As Noites das Mil e Uma Noites



Naguib Mahfouz (1989). As Noites das Mil e Uma Noites. Lisboa: Difel

Wikipedia | Naguib Mahfouz

Ler As Mil e Uma Noites é uma das recordações mágicas da minha infância. Demasiado inocente - ou insuficientemente sabido, para detectar as nuances eróticas na compilação clássica de contos orientais, mergulhei no mundo de fantasia exótica das histórias que Sheherazade contava ao sultão Shariar nas longas noites de Bagdad. Para sempre impressas na minha mente ficarão as visões de cidades opulentas, minaretes na noite, génios caprichosos, aventuras exóticas em terras distantes e maravilhas mágicas.

Demorei alguns anos a perceber o porquê de noites tão longas e histórias tão curtas... esta é mesmo uma das leituras da minha infância.

As Noites das Mil e uma Noites revisita a visão clássica do oriente, uma visão que corresponde mais ao olhar romântico do século XIX sobre o exotismo oriental do que à realidade das ricas tradições àrabes. Naguib Mahfouz, escritor egípcio premiado com o Nobel da Literatura faz-nos redescobrir a magia das tradições orientais numa história complexa e controversa de redenções, que revivem algumas das personagens centrais dos contos históricos. A redenção dos personagens é longa e complexa, controversa por seguir um caminho individual onde a importância é colocada na capacidade do espírito humano de seguir o seu caminho, livre de ditames políticos ou religiosos.

Misto de conto exótico com reflexão sobre os caminhos ínvios que levam um homem a subir alguns degraus na ingreme escada para a inatingível perfeição, As Noites das Mil e Uma Noites captura-nos na teia da mística orientalista (e que Edward Said me perdoe estes fascínios).