segunda-feira, 20 de abril de 2009

The Graveyard Book



The Graveyard Book

Neil Gaiman é um mestre da literatura fantástica que está no auge das suas capacidades. Encontrou a sua fórmula e explora-a, fascinando os seus leitores. Muitos são os escritores que encontram o seu nicho, mas são poucos os que o conseguem fazer com genialidade. Gaiman pertence a este reduzido grupo.

The Graveyard Book pega no velho tema de Gaiman, o da viagem enquanto processo de descoberta. Mas esta viagem passa-se toda num mesmo local. A verdadeira viagem é o crescimento do personagem. A obra passa-se num cemitério, que alberga uma colecção eclética de personagens falecidas e um muito especial, o jovem Nobody Owens, que se refugiou no cemitério quando ainda mal podia andar e foi adoptado pelos fantasmas que habitam por entre os túmulos e guardado por um guardião que nem está vivo nem morto. A família real de Nob, como o rapaz é conhecido, foi assassinada por um assassino misterioso. As mortes tiveram um objectivo: travar o nascimento de uma criança capaz de viver na fronteira entre a morte e a vida e que ameaçaria a existência de uma ordem tenebrosa e misteriosa. Num retoque típico de romance fantástico, é precisamente a acção levada a cabo para travar a ameaça que cria a ameaça que destroi aqueles que a temem. Os vilões nunca aprendem a ficar quietinhos.

É na prosa que Gaiman mais nos fascina. A história desenrola-se com uma certa previsibilidade, que é até esperada. É nas volutas, no estilismo do autor, que está o nosso fascínio, e Gaiman não desaponta. Com personagens que brincam com as convenções do género e uma facilidade na elegância da liguagem que faz parecer simples algo que é muito difícil de conseguir, The Graveyard Book é uma leitura que só se deixa terminar quando se vira a última página e se lê a última palavra, desapontado porque... terminou o mergulho em mais um mundo fantástico criado pelo maior escritor contemporâneo de fantasia.