Nunca percebi porque sempre que o Papa fala sobre contracepção erguem-se logo coros de vozes a acusar a igreja de ser retrógrada/medievalista/ter falta de bom senso/ser cega perante o flagelo da sida/insira aqui o seu resmungo favorito. O que esperam, francamente, que o Papa (e os altos responsáveis da igreja) diga? Esperariam que um comunista ferrenho defendesse os méritos do investimento em futuros e derivados de alto risco? Que um sindicalista elogiasse as políticas laborais do patronato? Que um capitalista ferrenho defendesse a distribuição equitativa da riqueza?
Então porque é que esperam que os altos responsáveis da igreja afirmem coisas que contrariam os dogmas sobre os quais assentam as fundações da instituição a que pertencem? Não faz muito sentido esperar isso.
Resta o concordar ou não com o que é dito. Pessoalmente não concordo, e são realmente posições que não levam em conta a contemporaniedade. Mas esperar que não sejam afirmadas é tão absurdamente irrealista como as posições em si. Trata-se de uma religião. Importante apenas para aqueles que escolhem acreditar.