terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

City Of Panic



Paul Virilio (2007). City Of Panic. Oxford: Berg.

Berg Publishers | City of Panic

Protegidos pelas muralhas do urbanismo, vivemos numa realidade cada vez mais mediada pela tecnologia, concebendo a nossa complexa sociedade com inigualada na história humana. As tragédias da modernidade, repetições com novos adereços das antigas tragédias, são interpretadas como novidade avassaladora. Protegemo-nos mergulhando numa virtualidade temerária, cedendo a nossa individualidade ao panopticon da vigilância electrónica, temendo terrorismos esotéricos com base em realidades diminutas. Como civilização, vivemos num estado de alergia generalizada. O medo é o estado alterado de percepção que reside no limiar da consciência.

Pensando que vivemos numa era sem limites, estamos a encontrar os limites sociais, geográficos e ambientais a que a realidade física nos constrange. A estratégia de expansão que caracterizou a história humana encontra na contemporaniedade o seu limite físico. Num planeta de recursos finitos, já não resta sítio para expandir, e as tentativas orbitais pouco mais são do que breves incursões de frágeis canoas num vasto oceano que a mente humana mal consegue abarcar. A vida, a nossa percepção da vida, altera-se numa utopia digital que transforma radicalmente a forma como nos vemos e pensamos.

São estas as linhas gerais de City Of Panic, livro que reúne seis ensaios do intelectual francês Paul Virilio. Fiel à tradição pós-modernista, Virilio não nos dá respostas, antes questiona-se e questiona-nos sobre os impactos a velocidade alucinante das tecnologias na essência do que é ser humano. De certa forma, Virilio é o completo oposto de McLuhan, embora as suas visões não possam ser definidas como a antítese do tecno-optimismo. Antes, são cartografias interrogativas da mudança que a sociedade humana, e as raizes mais elementares do nosso ser, estão a sofrer perante a modernidade acelarada pela tecnologia.