sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Inteligência Emocional



Goleman, D. (1996). Emotional Intelligence. Londres: Bloomsbury.
Daniel Goleman

A Inteligência Emocional é uma área de investigação psicológica que procura definir o desenvolvimento global do indivíduo inserido no seu ambiente, interagindo com outros. Valoriza as qualidades humanas e reflecte que o sucesso (pessoal, académico, profissional) passa muitas vezes pelas capacidades emocionais das pessoas do que pelas capacidades intelectuais. Somos, de facto, controlados pelas nossas emoções, e conhecer a Inteligência Emocional é encontrar formas de melhorar ou reconhecer a importância dos sentimentos e emoções.

Goleman (1996) define emoções como “sentimentos e os seus pensamentos distintos, estados biológicos e psicológicos, gama de propensões para agir.

Durante o século XX a teoria dominante da inteligência assentava no conceito de Quociente de Inteligência, herdeiro de uma visão de racionalidade pura de raiz iluminista que não descreve toda a gama da inteligência humana. Restringe-se a uma visão racionalista clássica que valoriza a lógica acima de outras componentes dinâmicas das capacidades humanas. Procurando um modelo mais abrangente de compreensão da inteligência, a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner (Fernandes, 2004) inclui sete dimensões: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal, interpessoal e intrapessoal. As dimensões interpessoal – compreensão dos outros, e intrapessoal – capacidade de introspecção e compreensão de sentimentos estão directamente ligadas às emoções. Esta teoria é uma ponte para o conceito de Inteligência Emocional.

Goleman, partindo de Solovay e Mayer, primeiros proponentes do conceito de Inteligência Emocional, envolvendo a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, o desenvolvimento cognitivo de Piaget e o trabalho de Damásio, desenvolveu e popularizou o conceito de inteligência emocional. Exemplifica como um Quociente de Inteligência elevado não garante sucesso pessoal e profissional, mostrando que as pessoas bem sucedidas têm elevados níveis de Inteligência Emocional. De acordo com Goleman, esta envolve “sentimentos, consciência, motivação, entusiasmo, perseverança (…) que configuram traços de personalidade responsáveis por atitudes de autodisciplina, de compaixão e de altruísmo, indispensáveis a uma adequada e criativa adaptação social” (Fernandes, 2004).

A inteligência Emocional envolve cinco traços: conhecimento de si mesmo, envolvendo o reconhecimento dos sentimentos; gestão do humor, capacidade de controlar emoções e sentimentos de angústia, depressão ou ansiedade; motivação positiva, capacidade de automotivação para obtenção de objectivos; e controle de impulso, capacidade de resistência à gratificação imediata.

No quadro de referência de competências emocionais elaborado por Goleman, a Inteligência Emocional divide-se em cinco elementos básicos (Fernandes, 2004): autoconsciência (conhecimento e reconhecimento das próprias emoções; autocontrolo (conhecimento, adequação e controle das respostas emocionais); automotivação (motivação individual, perseverança e confiança); empatia (reconhecer emoções e sentimentos do outro) e aptidões sociais (controle de relações sociais).

Para Goleman, o indivíduo nasce com uma Inteligência Emocional geral, sendo os seus elementos sejam desenvolvidos através da interacção social (Brazelton). As competências emocionais podem ser estimuladas nas suas várias dimensões através de programas pedagógicos que ajudem a reconhecer e controlar as emoções e sentimentos.

Conhecer e saber trabalhar a inteligência emocional garante relações humanas mais ricas, melhor conhecimento de si e dos outros e capacidade de gerir as emoções, reconhecendo a sua base fisiológica.