sábado, 27 de dezembro de 2008

Museum Of Terror



Junji Ito (2006). Museum of Terror. Milwaukee: Dark Horse Comics
Dark Horse | Museum of Terror
O que desperta interesse na cultura japonesa é a sua forma peculiar de interpretar a iconografia da cultura pop. É, talvez, o que torna o mangà tão apelativo. É um medium repetitivo, por necessidade industrial, mas que nos faz regressar ciclicamente, revisitando uma boa série.

Ito criou em Museum of Terror uma eficaz personagem do horror. Tomie, uma bela rapariga com fortes laivos de uma lolita nabokoviana, é assassinada por um professor com o qual se havia envolvido, mas toda a sua turma, com os rapazes enfeitiçados pelos perigosos encantos de Tomie, e as raparigas violentamente invejosas, é conivente no ocultar do crime, com requintes de desmembramento. Espírito vingativo, Tomie regressa para matar, um por um, cada um dos seus colegas de turma. A história podia terminar aqui, e daria um excelente filme de terror de série B, mas a visão nipónica do terror conjuga-se em inúmeras histórias que dão nova vida à personagem. Como espírito vingativo, Tomie regressa ciclicamente, sempre com um objectivo: enfeitiçar homens até à loucura e morte, com o perverso toque de escolher homens que são na sua essência bons e gentis.

A série Tomie habita o espaço do designado j-horror, misturando o serialismo e a iconografia clássica do terror com a visão japonesa, integrando toques muito próximo do gore. Uma boa e viciante descoberta no universo dos manga.