domingo, 14 de setembro de 2008

Children of the Night



David Stuart Davies, ed. (2007). Children of the Night: Classic Vampire Stories. Londres: Wordsworth

O mito do vampiro é, de entre os mitos sobre criaturas tenebrosas da escuridão, um dos mais fascinantes. Ao contrário de outros monstros, o vampiro combina perigo e elegância, age de forma sexualizante e contém uma promessa de imortalidade. De certa forma, o vampiro é um mito sexualizante da reprimida sociedade vitoriana, e é esse carácter que o torna tão especial.

Com um título retirado de uma das célebres frases do livro de Bram Stoker, Children of the Night revisita o mito do vampiro através de doze contos, organizados por ordem cronológica. O primeiro conto é o desconhecido The Vampire of Croglin Hall, por Augustus Hare. Segue-se o clássico The Vampyre, a Tale de Jonh Polidori, que na figura atraente e ao mesmo tempo repelente de Lord Ruthven fixa o mito do vampiro elegante. Varney The Vampyre, romance de cordel dos finais do século XIX, tem inúmeros capítulos não muito organizados, dos quais um é publicado, que nos mostra o vampiro como criatura das tumbas e criptas, assassino sobrenatural sedento de sangue. As mitologias do vampiro enquanto criatura dos Balcãs, esses territórios ainda hoje vistos como dos mais selvgens e primevos da Europa, são revisitados no conto de Alexis Tolstoy The Curse of the Vourdalak.

Carmilla, de J. Sheridan Le Fanu, um dos clássicos autores de contos de arrepiar, revisita o lado sexualizante do vampiro num conto em que o vampiro é do sexo feminino, e as suas presas jovens raparigas junto das quais se insinua de forma íntima. Pegando na deixa, somos presentados com um longo excerto do mais famoso e seminal romance do género, Drácula de Bram Stoker, que traçou para sempre a imagem do vampiro como elegante mas repelente, nobre mas violento, matando para manter o seu simulacro de vida desmorta.

Outros mitos relacionados com o vampirismo são visitados em For The Blood Is The Life, de F. Marion Crawford, e Good Lady Ducayne, de Mary Braddon. No primeiro conto, a aparição vampírica liga-se a uma morte trágica nas escarpas mais selvagens da costa italiana. O segundo conto envolve a perversão da ciência em prolongamentos pouco naturais da vida.

M. R. James, um dos mestres do conto sobrenatural, envolve-nos em An Episode of Cathedral History num ambiente opressivo, em que o horror é apenas sugerido e nunca revelado. Esta estética de carácter psicológico é levada mais longe em Le Horla, de Guy de Maupassant, em que apenas as sensações íntimas da vítima nos são descritas, a sua confusão e horror, e nunca nos é dado a ver mais do que fugazes vislumbres da origem do terror. Edith Wharton assina Bewitched, uma história sobre trágicas tradições rurais, e o conto The Welcome Visitor, da autoria do editor desta colectânea, encerra o livro de uma forma apropriadamente irónica.

Children of the Night traça firmemente os caminhos de evolução do mito do vampiro, através de contos representativos das várias fases. E quanto aos filhos das horas nocturas, what sweet music they make...