terça-feira, 30 de setembro de 2008

Cairo



G. Willow Wilson, M. K. Perker (2007). Cairo. Nova York: DC Comics

Newsrama | Cairo

Ao longo dos séculos, o Egipto tem sido uma terra de fascínio, ponto de encontro de civilizações, onde impérios e conquistadores páram para contemplar os quarenta séculos das pirâmides. Ao misturar a cultura àrabe com vestígios egípcios e greco-romanos, com visões de sonhos coloniais, o Egipto goza de uma aura de exotismo e mistério, onde as esfinges se cruzam com visões de odaliscas, onde a colisão de mitologias desperta sonhos de misteriosa magia. Apesar disto, o Egipto é um país real, cuja imagem quase onírica choca com uma realidade confusa de pobreza e opressão política.

No meio de todas estas encruzilhadas entre a história, as mitologias, as percepções e os ditames políticos encontramos a apaixonante história de Cairo. A história em si revolve à volta de artefactos mágicos e do poder desvanecido dos ambíguos génios da mitologia, e envolve um mergulho num submundo mitológico do rio nilo enquanto ponte entre a morte e a vida. Cairo, a cidade, é apresentada como uma encruzilhada, ponto de paragem de destinos que aí se mesclam. Quer seja o amor entre uma oficial dos serviços secretos israelitas e um ladrão de rua egípcio, quer o amor entre um jornalista aguerrido no seu combate contra os desmandos do regime egípcio e uma dançarina do ventre, mulher perdida de acordo com os ditames do islão mais fundamentalista, quer na paixão por algo que não conhece de uma jovem estudante americana que aterra ao acaso no Egipto, cheia de boa vontade para ajudar embora sem saber em quê, quer na ligação de um jovem americano de origem libanesa que quase se torna um mártir, parando no Cairo na sua viagem que teria com destino final uma explosão suicida algures em Israel.

O Cairo, o Cairo moderno e o Cairo mitológico interfere com os percursos destas personagens, unindo-as num nó que, paradoxalmente, as liberta dos seus destinos. Embora não seja uma das mais conhecidas graphic novels editadas pela DC/Vertigo, Cairo é uma boa surpresa, com uma história que após a leitura ainda deixa um gostinho na imaginação.