terça-feira, 12 de agosto de 2008
A Sociedade em Rede
Manuel Castells (2007). A Sociedade em Rede. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian
CIES | Sociedade em Rede
Primeiro volume da trilogia de estudos de Castells onde este traça um mapa da nova sociedade em construção, potenciada pela tecnologia digital, A Sociedade em Rede analisa as alterações estuturais profundas que a sociedade global está a sofrer. O mundo em que vivemos está em transformação, em acelaração. Um conjunto de forças complexas está a modelar uma nova sociedade, e falta àqueles que vivem a transformação a necessária distância para compreenderem o âmbito das transformações. É por isto que o trabalho de Castells é precioso, ao traçar as linhas de mutação da sociedade contemporânea.
Globalização, predomínio da teoria económica sobre a teoria política, alterações dos centros de poder global dos centros tradicionais para novos centros emergentes, cultura do virtual, alterações aos modelos laborais, e, principalmente, predomínio da tecnologia com principal motor económico e social. São estas as forças que Castells nos apresenta, mostrando de que forma contribuem para as mutações sociais. No entanto, esta obra não adopta O habitual tom de optimismo inabalável a que outros proponentes da nova sociedade nos habituaram. A análise académica de Castells aborda as transformações, anotando também os seus perigos. A cultura fragmentada, as transformações no mundo laboral, o vício da virtualidade e a fragmentação do acesso à prosperidade apresentam perigos de enormes desigualdades económicas e sociais, implicando também novos perigos e desafios geostratégicos. As constantes instabilidades mundiais, a flutuação de preços e as crises geostratégicas que vivemos são sinais das transformações operadas pelas forças que modelam a nova sociedade.
A Sociedade em Rede é ao mesmo tempo um mapa das transformações e um aviso. Ao mostrar as forças em campo e as suas consequências, mostra-nos também o que podemos melhor aproveitar e quais os perigos das influências negativas. Em última análise, as forças que nos modelam são por nós criadas. Conhecê-las é saber como as controlar ou como tirar partido delas para que a sociedade futura, que agora se forma, não nos reserve profundas injustiças e assimetrias.