sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mundo Exterior



Isidore Haiblum (2004). Mundo Exterior. Lisboa: Livros do Brasil.

Enquanto género, a ficção científica tem sido um dos mais abusados. A sua capacidade de construção de mundos torna a FC um meio para gerar ambientes futuristas ou exóticos para enredos. A consequência é que anda para aí muito livro considerado de Ficção Científica que, em rigor, não o é.

Este Mundo Exterior é um típico exemplo disso. Embora contenha elementos FC em abundância, no seu âmago é uma história policial, de contornos pulp. Na obra, assistimos às aventuras de um director de segurança às voltas com tramas que o tornaram, injustamente, inimigo público número um, no mundo da Cidade Feliz. Falamos do futuro, de um futuro descrito como fragmentado (um elemento pré-cyberpunk), onde o poder central dos estados se desmoronou graças à inevitável guerra nuclear (falamos de um livro escrito em 1979) e as organizações se resumem a cidades-estado, cada qual com as suas características muito próprias, incapazes de comunicar entre si pelas suas enormes diferenças de filosofia de vida. Cidade Feliz, Cidade do Capital, Cidade do Trabalho, Cidade do Ódio, Burgo dos Puritanos, este eternamente em guerra com a Cidade das Prostitutas, são algumas das organizações que povoam o mundo exterior, devastado por bombas atómicas capazes de causar anomalias temporais.

Não é um mundo muito coerente, nem o pretende ser. Uma cidade isolada e concentrada apenas num aspecto económico ou filosófico depressa entraria em colapso. As anomalias temporais são uma boa desculpa para desenredar o enredo, resolvendo em poucas frases situações complexas.

De qualquer forma, é um livro curioso. A ler, como referência para uma época (finais dos anos 70) e a sua forma de conceber o futuro.