O que irrita nesta vaga de insegurança, para além do aproveitamento mediático que empola a real importância dos acontecimentos na ânsia da luta pelas audiências, é a aparente impotência das forças de segurança. Irrita porque noutros contextos essa impotência não existe, como se comprova pela eficiência com que se caçam multas neste país. Para isto, há homens e meios, veículos, radares, bloqueadores, acesso rápido aos autos e pagamentos, vigilância cerrada e quase sempre invisível. E o resto? Será que um décimo do investimento e eficácia no combate às infracções de trânsito (eufemísticamente ditas como "pedagógicas") aplicado noutas àreas de segurança contribuiria para diminuir as taxas de criminalidade? Bem, mas as multas sempre auxiliam as contas do estado...
(Não quero com isto subestimar as infracções de trânsito, as velocidades excessivas e as manobras perigosas, tantas vezes com consequências trágicas. Nem desmerecer o profissionalismo dos agentes no terreno, que cumprem as ordens que lhe são dadas. O erro, parece-me, está na filosofia que rege as instituições. É fácil dar ordens aos cidadãos que as cumprem.)