domingo, 15 de junho de 2008

Leituras

Slate | The $100 distraction device Será sábio distribuir computadores pelas crianças, como pretende o projecto OLPC ou o projecto ministerial e-escolas? Os estudos apontam para que não. Surpreendente? Nem por isso. Entregar um computador a uma criança é, na prática, dar-lhe um brinquedo sofisticado, mais uma forma de gastar tempo. Não é por aí que se conseguem melhorias nos resultados escolares. É que o computador só não chega. São precisas estratégias de abordagem ao uso do computador. É um problema que também sinto. Uso extensivamente o computador na sala de aula, e a minha maior dificuldade inicial é fazer os alunos avançar do hábito de usar o computador de forma lúdica, algo que se consegue com estratégias de trabalho bem definidas.

Linux in education: Opensource provides a better solution for schools Um dos grandes paradoxos da educação é a sua insistência no windows. Queixamo-nos que as escolas não têm dinheiro, e no entanto pagamos alegremente as licenças do windows e outros programas, investimos nas máquinas mais potentes que o windows requer. Podia ser mais simples. Podia-se apostar em software livre e em terminais leves. Mas tal nunca irá acontecer, para lá de alguns projectos experimentais. Quando um estado alemão tentou colocar o sistema de escolas a usar linux, a microsoft em peso desceu sobre a alemanha, para os convencer a manter o seu lucrativo monopólio. Por cá é pouco diferente. Ou pensam que aquelas parecerias entre a microsoft e o estado português, de que o governo tanto se orgulha, são por beneficiência?

The Atlantic Monthly | Is Google making us stupid? Nicholas Carr contra-ataca: pegando no mais puro mcLuhanismo, no conceito de que o uso de uma tecnologia não modifica apenas o que fazemos, modificado radicalmente a forma como pensamos, pergunta-se quais são os efeitos cognitivos do uso da internet. Em particular, revela que sente que está a perder a capacidade de leitura sequencial, preferindo o salto hipertextual entre informação. Apesar do tom quase apocalíptico do artigo, que traça um cenário quase catastrófico em que a leitura sequencial de páginas é substituído pela leitura em fluxo de fragmentos de informação, Carr recorda-nos que as mudanças são sempre mal vista. Cita Sócrates, que considerava ameaçadora a escrita pensando que a mudnaça da tradição oral, que forçava à memorização, para a escrita corresponderia a uma diminuição da cultura intríseca do indivíduo. E recorda o surgir da imprensa, tido como um mal: a democratização do livro ameaçaria instituições. A verdade é que os que sentiam o efeito da nova tecnologia como uma ameaça tinham razão. Algo se perdeu com a nova tecnologia. Mas também algo se ganhou, uma explosão cada vez mais exponencial do conhecimento humano.

Salon | Oil price conspiracy theorists: rev your engines A pergunta anda cada vez mais no ar. O que é que realmente está por detrás dos elevados preços do petróleo? O chamado pico de produção, com o já conhecido esgotamento do petrólo nos poços a aproximar-se? Ou a especulação financeira, com os investidores a fugir do mercado de acções em queda e do mercado imobiliário, cuja bolha especulativa rebentou, em direcção às matérias primas? A verdade é que estes factores se conjugam, tornando a gestão desta crisa muito difícil.