sábado, 10 de maio de 2008

Nuvens informacionais

Por vezes, particularmente quando estou preso no trânsito, tento imaginar o mundo como se visto através de um dispositivo de realidade aumenta - possivelmente uns óculos, ou lentes de contacto que sobrepusessem sobre a visão natural do mundo uma visão informacional, de dados puros e, ou, de dados formatados para optimizar o acesso à informação.

Olhando para as pessoas que passam, não me é difícil imaginar uma núvem de dados informacionais à sua volta, irradiando de um núcleo centrado na pessoa. Dados dos mais variados géneros: dados financeiros, médicos, respectivos aos equipamentos e vestuários, comunicações mediadas por interfaces tecnológicos, pesquisas na web, conteúdos produzidos (blogs, fotografias digitais, entre outros), biológicos, preferências pessoais, crenças, tendências. Enfim, todo aquele microcosmo de bits que nos define, enquanto pessoas e indivíduos.

Esta visão do indivíduo mediado pela tecnologia pode revoltar os amantes de definições mais tradicionalistas de indivíduo. Mas não temam. A tecnologia é uma extensão das nossas capacidades. Não nos desumaniza, pelo contrário, potencia a nossa humanidade. Um exemplo acabado disso é o telemóvel, tecnologia de enorme sucesso que serve principalmente para a mais humana das actividades: tagarelar.

Talvez, num futuro próximo, graças aos avanços na portabilidade computacional (quando os gadgets digitais deixarem de ser gadgets), com ubiquidade de acesso às redes (condição essencial, a rede é o lugar) e técnicas de cloud computing seja possível visualizar, acompanhando-nos permanentemente, dados que centrados na nossa pessoa correntemente se encontram disperso por míriades de bases de dados.

And now, for something completely different, o artigo da Wikipédia sobre Nanotecnologia contém esta pérola literária: There are traditional techniques developed during 20th century in Interface and Colloid Science for characterizing nanomaterials. Fascinante, esta ideia de técnicas tradicionais, clássicas e velhinhas, desenvolvidas nos tempos idos do longínquo século XX, para compreender e manupular a nanotecnologia, a tendência mais bleeding edge do progresso tecnológico.