terça-feira, 15 de abril de 2008

Paixão

Deus nos guarde, que é uma ópera, terá dito uma paroquiana mais devota escandalizada com a pouco benfazeja estreia de uma cantata celebratória da paixão de cristo. Diz-se que terá estreado a 15 de abril de 1727, sexta-feira santa, mas dê-se mais dia menos dia, que nestas coisas da história a contagem do tempo não é de precisão atómica. Estreou, mas não espantou, e como as restantes obras do divino compositor, caiu no esquecimento até ser reavivado nos idos do século XIX.

Qual a obra que escandalizou a beata, devota cumpridora da rigidez dogmática? A etérea e apaixonante Paixão Segundo S. Mateus, de Johann Sebastian Bach. E em verdade vos digo: o meu ateísmo confesso fica sempre periclitante quando ouço a filigranada beleza da música religiosa de Bach. É... divinal.