quarta-feira, 16 de abril de 2008

Leituras

New York Times | Can the cellphone help end global poverty? Poderá? Parece-nos estranho que um objecto que consideramos uma necessidade, mas uma necessidade acessória e de luxo, tenha algum impacto social para lá do emergir de uma cultura de contactibilidade permanente e das transformações nos padrões de comportamento dos jovens. Mas em países do terceiro mundo, onde as infraestruturas que damos como adquiridas são inexistentes e as possibilidades de desenvolvimento económico reduzidas, o telemóvel surge com um duplo impacto. Por um lado, tecnológico, ultrapassando a construção de outras infraestruturas de comunicação (o que alguns autores apelidam de "salto tecnológico". Por outro, aplicações inusitadas ligadas ao mobile banking e ao microcrédito estão, na prática, a criar um nicho económico explorável por pequenos produtores e comerciantes. Mesmo assim, falamos de países de terceiro mundo. Valerá a pena investir em países onde a maioria da população vive com quantias consideradas irrisórias? Microeconomias baseadas em cêntimos podem parecer irrisórias, mas se multiplicarmos um cêntimo por mil milhóes de pessoas... o potencial económico dos telemóveis demonstra-se por estudos como os da London School of Economics, que apontam para que cada novos 10 telemóveis por cada 100 pessoas provoquem aumentos no PIB na ordem dos 0,5%. As experiências sucedem-se: a maior operadora de telemóveis do Bangladesh surgiu como ofshoot do célebre banco Grameen, possibilitando a aldeãs adquirirem um telemóvel que se torna no centro de telecomunicações de uma aldeia. No Uganda, o pré-pagamento de chamadas funciona como uma forma engenhosa de transferir pequenas quantias de dinheiro, pequenas para os bancos mas vitais para de quem delas depende. Pescadores indianos melhoram os seus rendimentos quando, após adquirirem um telemóvel, são capazes de contactar os vendedores de peixe ainda no mar, e não nas docas. Os exemplos abundam.

Estas ideias não andam longe das gigantes multinacionais do mundo dos telemóveis. Após a saturação dos mercados desenvolvidos, onde o que vende o telemóvel é uma conjugação de iterações cada vez mais bizantinas de aplicativos do chamado "canivete suíço" tecnológico mas que estão a representar uma séria ameaça ao modelo de computação baseado no computador (mais convergência do que ameaça), se viram agora para os países do terceiro mundo. O filão é enorme: mais de três mil milhões de potenciais clientes. O investimento é sério, e multinacionais como a Nokia investem em legiões de designers e antropólogos que têm como trabalho pular pelo mundo fora e, simplesmente, documentar os novos e inovadores usos que são dados ao telemóvel.

io9 | It's X... in space A FC enquanto género pop-cultural tem como defeito (que nalguns casos, mercê do absoluto camp, se torna delicioso) um aproveitamento excessivo da ideia de aventura no espaço. O io9 explora alguns dos mais estranhos conceitos, como o inimitável Killer Klowns from Outerspace ou a aplicação da metáfora corridas de automóveis no espaço, que deu o filme Star Wars - Ameaça Fantasma. Não é o melhor da FC, mas é o mais risível... tão mau, tão mau que até sabe bem.