segunda-feira, 31 de março de 2008

Wikinomics



Don Tapscott e Anthony Williams (2007). Wikinomics. Lisboa: QuidNovi

Wikinomics

It's the wikinomy, stupid?

A Wikipedia reúne opiniões contrastantes. Se uns a denigrem, considerando-a como um repositório pouco fiável de conhecimentos de utilidade dúbia, outros consideram-na - e ao seu modelo de organização, como a tendência organizacional do futuro. A verdade é que a importância da Wikipedia não reside só no facto de ser um repositório gratuito de conhecimento. A sua forma de construção, baseada no esforço colectivo de uma enxame de colaboradores que incansávelmente escreve e reescreve artigos, encontra e cruza referências, decide sobre a fiabilidade da informação, é o elemento decisivo que destaca a Wikipedia como um bom exemplo de novas formas de organização social.

Este modelo colaborativo, denominado modelo Wiki, surgiu em força graças ao crescimento explosivo da internet, que permitiu interligar com facilidade comunidades de utilizadores capazes de trabalhar em projectos comuns. São modelos de organização que se encontram, com variações, na Wikipedia, nas comunidades de criação de software open source, nas redes sociais, na blogoesfera. Em comum têm estratégias de trabalho colaborativo, a valorização da participação do indivíduo em esforços comuns e o derrubar de barreiras à partilha de conheciento.

A questão que Wikinomics coloca é a se podemos adaptar o modelo wiki para o mundo empresarial. A reposta é que este modelo já está em prática, quer a nível de empresas baseadas em propriedade intelectual que utilizam os recursos de redes sociais para encontrar novos usos para as suas patentes (algo que a IBM estimula), empresas que estimulam a produção de respostas a problemas por outros individuos que não os seus funcionários (o Innocentive da Merck, que agrega esforços ad-hoc de investigadores não associados à emresa), e até mesmo modelos de produção industrial, nos locais mais insuspeitos, que fazem uso do modelo colaborativo para afinarem processos de produção just in time (caso da Boeing, que no seu último projecto de aeronave partilha a concepção com as empresas que subcontrata, ou a BMW, cada vez mais concentrada no design, concepção e software automóvel do que na manufactura de veículos).

Wikinomics aborda uma série de estratégias que permitem ao mundo empresarial fazer bom uso da força do modelo de organização wiki, um modelo em que a competição económica se faz mais eficazmente com a colaboração entre os antagonistas. Para aqueles mais arredados do mundo empresarial, fica uma visão abrangente de novas formas de trabalho e organização baseadas na rede, com o potencial de alterar dramáticamente as formas tradicionais de organização.

A tendência é visível. Economistas como Tapscott e Williams apregoam os modelos wiki. Virilio fala-nos das profundas mutações que a tecnologia digital provoca na nossa concepção do mundo. Castells estuda as implicações políticas, económicas e sociológicas do que chama a sociedade em rede. O fluxo do movimento evolutivo da sociedade parece estar a deslocar-se em direcção a um modelo colaborativo reticular que altera radicalmente as nossas instituições e a forma de conceptualizar modelos sociais e pessoais.