terça-feira, 4 de março de 2008

Afinal serve para quê?

Nicholas Carr : Does IT Matter?

Apesar do título algo alarmista, não me parece que o ponto de vista de Carr seja o do fim da importância das tecnologias de informação. Antes, o autor indica-nos que a base tecnológica por detrás das TI já se encontra bem disseminada, com uma elevadíssima penetração no mercado e nas nossas casas. Estará, se calhar, na altura de esquecer o factor novidade que associamos ao hardware e ao software; perder o hábito das constantes actualizações dos sistemas; e repensar a forma como utilizamos as TI. Se a tecnologia se torna ubíqua, passa a fazer parte da infraestrutura, como é sublinhado por Carr. Torna-se algo que está lá, pronto a ser utilizado. E o foco da novidade, o foco da importância, o factor que permite rentabilizar a infraestrutura, passa a estar na forma como esta é utilizada.

Não levaríamos a sério a sugestão de que um Ferrari seria o melhor veículo para nos deslocarmos no dia a dia. No entanto, no que toca às TI, estamos sempre deslumbrados pela última novidade, desejando a mais potente máquina, actualizando incessantemente o software há medida que vão saindo as novas versões com cada vez mais funcionalidades. Mas precisaremos mesmo de máquinas cada vez mais potentes e de software de que só utilizamos um reduzido número da sua cada vez maior gama de funcionalidades? O texto de Carr aponta nesta direcção. Começa a estar na altura de deixar para trás o "Ferrari" digital e apostar naquilo que realmente nos é útil.

Carr debruça-se sobre o mundo empresarial, o que à primeira vista tem pouco a ver com o mundo educativo. Mas a ideia base do texto é válida. Ao pensar, ou repensar, a infraestrutura digital de uma escola, quais serão as escolhas mais acertadas? Investir em máquinas potentes, ou num servidor que interliga terminais estúpidos? Investir nas últimas versões de software proprietário ou optar por modelos open-source, ou até mesmo por soluções residentes na rede? Ao trabalhar as TI com os alunos, será que as devemos encarar um fim em si mesmo, perpetuando a adaptação às funcionalidades, ou poderemos estimular o uso criativo destas, encontrando novas soluções e aplicações ainda não imaginadas?